Archive for the ‘Resenhas’ Category

Etílicos e Sedentos de muito rock na estréia em disco

outubro 13, 2008

A região 47 está frutificando muito bem na área rock and roll de ser. Em Brusque uma boa opção de banda de rock (aquelas de verdade) é a Etílicos e Sedentos. Formada por Cleber de Limas (vocal, flauta, escaleta, gaita de boca e guitarra), Saulo Tavares (bateria e voz), Moacir Visconti (guitarra), André Gomes (baixo e voz) e Luis Maurici (teclados), a banda Etílicos e Sedentos lança um bom álbum de músicas próprias, onde guitarras distorcidas e muita vibração, engatam uma boa tônica para um disco de estréia.

Em 2007 o primeiro EP e logo depois, já em 2008, a banda ficou conhecida como a banda que fez uma música de protesto contra a famigerada “tradição” catarinense da farra do boi. O primeiro disco foi lançado há poucos dias em Brusque e nele a banda deposita suas influências roqueiras dos 60, 70, 80 e rock nacional dos anos 80. A gravação está um pouco melhor do que o EP lançado em 2008, mas em algumas faixas ainda não houve uma mixagem decente para quando rola voz da patota toda no disco.

De bobos a banda não tem nada. Escolheram para abrir o lado “A” do CD, as com maior pegada nas guitarras. “Bem que minha mãe disse” e “Com Prazer” já fazem o debut excelente para o álbum. Em “Cachorro de Rua”, apesar de roqueira, as vozes ficam um pouco baixas perante o som estridente e melódico da guitarra.  Já com o single “Farra do Boi”, da época da quaresma, os caras já mostram que tem um lance de consciência dos problemas mundanos. Como proteção aos animais e na “Eucalipto”, que inicia com aquele som característico de motoserra. A música com letra de consciência, vai numa levada mais leve para um refrão pegajoso já imitando a motoserra.

O disco dá uma decaída em “Ruínas” e volta potente em “Vagalume Gigante”, forte candidata a um hit possível da banda.  O famoso e polêmico “Farra do Boi” chega depois. Bom, essa é uma banda que dificilmente vai conseguir fazer algum show em Governador Celso Ramos ou Porto Belo. O primeiro disco da Etilicos cai depois para algo mais setentista prog. Lembra muito Jethro Tull naquela fase que o Ian Anderson estava mais interessado em róque, do que em Salmão.

O primeiro disco dos brusquenses passa no teste em vários quesitos. Primeiro que é rock. Hoje é difícil uma banda surgir e ficar admitindo que é rock. Fazer música um pouco mais comercial exige pelo mercado em se segurar em algum target maldito enviado pelo correio lá de São Paulo, o EeS pelo menos busca sua própria identidade. No segundo quesito, a banda se preocupa realmente com as melodias e os timbres exatos das guitarras. Isso é outro ponto positivo para as bandas de rock. Preocupação com coisas boas. No final e não mais importante quesito, a banda evita não falar nenhuma bobagem. As letras são boas e quando elas querem ter assunto, não são panfletárias ao exagero, como faz um O Rappa, por exemplo.  Agora resta saber até onde a EeS quer ir ou pode ir. Vai depender mais ainda de onde eles vão tocar e como o público vai absorver o róque desses caras.

Visite o Myspace dos caras:

www.myspace.com/etilicosesedentos

Resenha sobre o FNF na Zona Punk

setembro 30, 2008

Muito legal a resenha da Carol Steinhorst para o tradicional site Zona Punk, sobre os shows de sábado no Floripa Noise Festival. Carolzinha mandou bem e a resenha dos shows da segunda noite está no site da Zona Punk desde ontem. Valeu moça!

Confira: http://www.zonapunk.com.br/ver_res_show.php?id=373

Festival de Música de Itajaí: Jair Rodrigues

setembro 11, 2008

O público ficou impressionado na noite de ontem no show de Jair Rodrigues de Oliveira, um dos grandes intérpretes da Música Popular Brasileira. Aos 69 anos de idade, Jair tem a vitalidade e a voz de um jovem. O show foi basicamente recheado de grandes hits do artista nos seus 46 anos de carreira musical e também uma oportunidade para Jair mostrar o seu grande carisma perante a platéia. O carisma ao extremo, jeito brincalhão, contrastam igualmente com sua poderosa voz, que mesmo com tantos anos, ainda é potente. 

Antes do show, para jornalistas, o inquieto Jair disse que não há momentos para tristeza em sua vida a não ser na hora de durmir, já que é dificil rir durante o sono. Mas mesmo não admitindo, o que tira um pouco o sono do boa praça da música brasileira é a situação atual do mercado fonográfico, que praticamente não existe, apenas música para “targets” específicos. Para jair, quem começa nos dias atuais tem maiores dificuldades do que ele e sua geração nos anos 1960. “Naquela época nós tínhamos mais facilidade, principalmente nós músicos revelados nos festivais. Os gerentes das gravadoras nos procuravam os grandes nomes da MPB, para que a gente indicasse novos talentos. Depois que a gente falava que fulano era bom, no outro dia o cara já estava gravando”, revela. 

Voltando ao show, em pouco mais de um horas, cercado de músicos excelentes – produção musical do show de Jair é muito interessante – Jair pôde fazer homenagens a compositores que o presentearam com grandes músicas. Geraldo Vandré, autor de “Disparada”, música vencedora do Festival da Record de 1966 teve uma atenção especial. Outra homenageada foi a intérprete e companheira do lendário programa Fino da Bossa, na Record, Elis Regina, onde Rodrigues fez uma excelente e pulsante versão para “Arrastão” de Edu Lobo e que foi eternizada pela pimentinha em 1965. 

Não faltou ainda no repertório de Jair Rodrigues, canções como “Majestade O Sabiá” e “Deixe que dizem, que pensem que fale”, aquele famoso e provável primeiro rap da música “mundial”, gravado por Jair em 1964.  Foi uma noite bacana, som bom, o Teatro de Itajaí contou mais uma vez com uma excelente personalidade musical. Parabéns Jair pela vitalidade e entusiasmo.

A incrível noite com Os Pistoleiros

setembro 1, 2008

Histórico: volta dos Pistoleiros levou um grande público para Célula

Bom, como diz meu colega de blog, Rubens Herbst, do AN, a melhor forma de contar como foi o último sábado é fazer um resumo do passo a passo. Vou ser bem rápido nas preliminares, para chegar no ápice da noite.

Saí de Itapema, onde peguei meu colega de Erasmo Carlos Project, Sergey Schütz para uma road tripa até Floripa. No caminho conversamos sobre cena róque e ouvimos um CD com mp3 de várias bandas catarinas que preparei para a viagem. Liguei para o mestre Rubens Herbst que estava mofando no shopping Iguatemi desde às 13h. Cheguei lá e fiz o cara mofar um pouco mais, pois tinha que bater um rango antes de me dirigir até a Célula, no bairro João Paulo. Depois de uma rápida passagem na Saraiva para comprar o DVD do Botinada, documentário do Gastão Moreira, seguimos direto para o bar. Naquele clima de “os primeiros a chegar”, já fomos recepcionados por um serelepe Marcos Espíndola, o aniversariante do dia com a sua indispensável coluna Contracapa do Diário Catarinense e na vontade de ver a história acontecer, a turma entrou rapidamente na Célula onde deu de cara com Dorva Resende, Mutley Bianchini e Eduardo Xuxu, o responsável pela reunião dos Pistoleiros.

André e Diógenes: dupla volta á cena com clássicos do EP Pistoleiros

Foi realmente uma noite de reencontro. O tempo foi passando e o povo foi chegando. Gente que eu não via há muito tempo mesmo, não dá pra ficar citando todos, mas vale lembrar que tudo isso foi regado a o som colocado no talo pelo Dorva e os vídeos, digamos, diferentes apresentados no telão pelo Zimmer. Uma bela noite.

Mucho Loco: apresentação bombástica do WWDiablo na abertura

O primeiro prato foi picante. WWDiablo foi a primeira atração com mr. Galináceo (Kratera), liderando uma trupe de mariachis do demonho com seu som vibrante, pulsante e como disse muito bem o Rubens Herbst, uma excelente pegada. O trabalho do WWDiablo não é tanto difundido, mas a partir daquele show muita gente ficou de cara. Imagine um Los Pirata mais pesado e com letras bem mais portunholizadas? Este é o trabalho de WWDiablo que segundo Mr. Galináceo, tudo está gravado há um tempão e disponível no Myspace da banda. Pra Mundo47 vai valer uma reportagem mais completa para breve, mas o fato é que WWDiablo levantou o povo para a grande expectativa da noite: o show dos Pistoleiros.

Já como segundo prato, Diógenes Fischer, André Göcks, Xando Passold, Marco Túlio e Alex Piu Piu, entram no palco com uma carga emocional muito grande. Xando ainda estava fazendo aniversário no mesmo dia e a turma estava para comemorar a volta dos Pistoleiros e o seu aniversário. Marquinho e Mutley deram um plá para o público, dizendo da importância deste show e os Pistoleiros atacam com “Bufalo 2008”, tema instrumental de introdução do show. Di[ógenes Fischer, vocalista e guitarrista, para e fala: “É um prazer estar de volta, apesar de nunca termos saído daqui” e inicia os acordes de “Pouca Coisa”, música velha, mas que não estava no EP único de 2000. Pouca coisa é uma bela balada folk com excelente melodia, provável que em breve, com André morando agora em Balneário, os Pistoleiros quem sabe gravam esta canção.

Marco Túlico comandando a gaita em “Não Contavam”

Depois de Pouca Coisa, chega a vez da seqüencia das músicas do EP. “Não Contavam com Os Pistoleiros”, com a introdução característica e Marco Túlio na gaita. O bacana da volta é que com um pouco de fidelidade, a banda executou as músicas. O único estreante nos Pistoleiros era Alex Piu Piu, no baixo, conhecido do mundo alternativo por participar de diversas bandas, como o Superbug. Antes do show o homem me confidenciou que estava um pouco nervoso, mas ciente do nível histórico da coisa. A cozinha de Xando e Alex, batera e baixo respectivos, foi mantida como no disco, com ambos mantendo a linha dos músicos originais. Do outro lado do palco, Diógenes, André e Marco mostrando o velho entrosamento de sempre. “Neve Over” veio em seguida, levando o público a loucura.

Estréia: Alex Piu Piu assume o baixo dos Pistoleiros na volta

Depois, “Canção de Amor”, “Domingo Se Não Chover”, “Quis te Levar” e finalizando o EP com “Se eu Tivesse um Walkman”. Depois de finalizada a parte do EP, Os Pistoleiros ainda deram de lambuja um presentão com a inédita “Remédio Amargo” e também uma excelente versão de “The Model” do Kraftwerk. Antes de fecharem o set, a banda tocou ainda uma velha conhecida da sua autoria, que também não foi registrada devidamente. “Contestado” é um velho rock com influências nativistas/lageanas, mas com excelente letra e melodia. Quem sabe para um futuro próximo, a banda não joga isso novamente para o público.  O encerramento foi em grande estilo, cover de Neil Young e aplausos efusivos da platéia que ainda não acreditava que acabava de ver a volta dos mitológicos Pistoleiros.

Malacos: Rubens e eu parabenizando o mestre da Contracapa

A última atração da noite foi a presença do Clube da Luta All Stars, que com integrantes das várias bandas que participam do projeto que rola toda sexta-feira na Célula, executaram também músicas de bandas do clube. Ponto alto para a presença de Mauricio Peixoto, guitarrista do Aerocirco nos vocais de “Michê”, do Samambaia Sound Club e também a presença de Lelé da Caverna, da banda Da Caverna, dividindo os vocais com Mauricio em “Vou transar no fusca”.

Nossos calorosos parabéns ao Marquinhos Espíndola pela excelente noite promovida em parceria com a Célula, Insecta Produções e o Clube da Luta. Foi muito bacana mesmo, rever amigos, reunir os jornaleiros de róque em SC e curtir a volta dos Pistoleiros.

Stray Cats: Sala La Riviera – Madrid – 20/08/2008

agosto 27, 2008

Na ativa, os Catz detonam seus clássicos no calor do verão Europeu

Direto de Madri/Espanha

Por Jr. Sofiati

 

Outro show na capital espanhola acompanhado de um grande calor, e o pior que esse não era ao ar livre. Mas se tratando de Stray Cats, o calor quase não tinha importância. O show teve lugar na famosa sala La Riviera, onde recentemente tocaram os B52´s(que infelizmente perdi), e o mesmo lugar que tive o prazer de ver NOFX e Mando Diao. É uma casa de shows de médio porte, com uma lotação máxima em torno de 5000/6000 pessoas.

 

Chegando ao local, como já era de se esperar, vejo uma enorme quantidade de rockabillys e psychobillys. Fila longa, mas que graças à ótima segurança da casa, sempre anda muito rápido. O único defeito foi a falta de informação à respeito do começo do show. Na entrada só dizia a hora de abertura de portas, e o site da La Riviera está tão desatualizado que só tem a agenda de shows até junho, coisa que até hoje não entendo como uma casa do nível da La Riviera pode deixar acontecer.

 

Mas defeitos à parte, entro na casa pelas 20:30hs mais ou menos, e o show só começa as 22:00hs. Depois da longa espera, finalmente o grande trio entra no palco, Brian Setzer, Lee Rocker e Slim Jim Phantom, a melhor banda de rockabilly do mundo, segundo o que o produtor do show declarou quando apresentou a banda, e eu não poderia discordar.

 

De primeira já arrebentam com Rumble in Brighton, fazendo todos os cabelos e topetes armados do local saltarem. Aliás, parecia que se estava numa convenção rockabilly dos anos 50. Em seguida, depois de umas curtas frases em espanhol de Brian Setzer, começam Stray Cat Strut, um som perfeito para dançar e relaxar ao mesmo tempo.

 

A cada música, a cada riff, a banda ía tomando conta do público de uma maneira tão espontânea que ninguém queria estar parado. Uma loucura coletiva que estava mostrando o tamanho do efeito que causa o rock and roll nas pessoas. Deixando claro que os Stray Cats são nada mais e nada menos que uma das bandas mais míticas e carismáticas do rockabilly. Aquela sensação de volta ao tempo toma mais força quando tocam Runaway Boys e She´s Sexy + 17. A guitarra de Brian Setzer impressiona qualquer guitarrista, e podem ter certeza de que muitos vão se dar conta que têm que aprender muito ainda. E não digo só pela técnica, solos perfeitos e riffs inesquecíveis, senão pelos modelos das duas guitarras que usou no show, pra deixar qualquer um com inveja.

 

Mas não só o líder da banda merece elogios, Lee Rocker e Slim Jim Phantom também são músicos de primeira. Uma perfeição que poucas bandas conseguem atingir ao vivo. Geralmente nos shows são os guitarristas que trocam de instrumento entre uma música e outra. No Stray Cats todos tem esse privilégio, até o baterista, que pode ser definido como um minimalista deste instrumento. O contra-baixo clássico de Lee Rocker tem um dos melhores timbres que já ouvi, sem contar que este instrumento é uma peça fundamental nas bandas de rockabilly.

 

O show segue com I Won’t Stand In Your Way, o único momento “mais calmo” do show, onde não pôde faltar, à pedido de Brian Setzer, um festival de isqueiros acesos pelo público, clássico ato em shows com baladas. Aqui na Espanha adoram brincar com fogo. Para deixar outra vez as pessoas extasiadas e com vontade de dançar, mandam Built For Speed e sem parar para respirar atacam com Baby Blue Eyes e Bring It Back Again, cantada por Lee Rocker, música com uma excelente melodia e com backing vocals impossíveis de não se cantar. O set list contou ainda com: Gene and Eddie, Ubangi Stomp, My One Desire, Rebels Rule, Storm the Embassy, Rockabilly World ,Fishnet Stockings, 18 Miles To Memphis, Pink Cadillac, Crawl Up and Die, Double Talkin’ Baby(que não podia faltar), e pra fechar a primeira parte o grande hit Rock This Town.

 

Não deixando os clichês de lado, deram aquela saída básica que fazem quase todas as bandas, para voltarem poucos minutos depois para o bis. Para fechar quase uma hora e meia do melhor e mais puro rockabilly, detonam Jeannie, Jeannie, Jeannie e de seguida a excelente versão de I Fought The Law. Show pra deixar com um grande sorriso na cara de qualquer fã antigo dos Stray Cats. A pena disso tudo foi ouvir a declaração do vocalista Brian Setzer de que era a última atuação da banda no país. Segundo eles é a sua última turnê, e esse foi o show de despedida da turnê espanhola. Vamos ver se é mesmo verdade ou o velho conto que sempre ouvimos, só com o tempo saberemos.

Jr. Sofiati – é colaborador oficial do Mundo47 na Espanha e sempre nos traz grandes coberturas dos eventos “wrock” que acontecem na terra do Almodovar. Sofiati também foi membro da banda Enzime (punk,hard core) e baterista do Cuba Drinker and Hi´Fi´s

Os 40 anos de 1968

maio 12, 2008

Quem nunca sentiu vontade de sair na rua e gritar por revolução? Bom, isso só pode acontecer nos dias atuais, pois alguém teve que fazer isso antes, de uma forma mais radical e isso aconteceu em diversas partes do mundo há 40 anos. O ano de 1968 não passou em branco, passou vermelho, de sangue e de revolta.

Era a época dos hippies do flower power, o movimento da contracultura era grande e diversas barreiras estavam sendo quebradas. O movimento mais conhecido mundialmente é o famoso Maio de 1968, quando estudantes da França foram às ruas para lutar pelo seus ideais e contra a política nefasta de Charles de Gaulle, então o presidente. O pau literalmente comeu nas ruas de Paris e durante alguns dias, os milhares de jovens franceses foram procurar sua luta enfrentando a polícia nas ruas.

Já no Brasil, eclodiu a primeira revolta contra a ditadura militar, instalada quatro anos antes. Jovens estudantes foram mortos, muitos espancados e os movimentos de esquerda no Brasil buscavam pelo menos a liberdade, coisa que foi tirada anos antes. Na realidade, o mundo estava um imenso barríl de pólvora. Tudo pela corrida armamentista entre União Soviética e os Estados Unidos e a inútil guerra do Vietnã. Um presidente americano já havia sido assassinado por conta da treta e em 1968, Bob Kennedy, irmão mais novo do presidente John, morto em 63, levou chumbo nas plenárias do Partido Democrata.

Muita coisa mudou de 1968 até hoje. Ganhamos a democracia, o comunismo foi pro saco, mas em compensação, ainda assistimos o poderio americano nos arrasar. Agora o fantoche inimigo vem do oriente, colocam isso na nossa cabeça todos os dias. O Iraque, mais dia ou menos dia, pode virar um Vietnã sem mato, mas com imensas terras na cara. Vendo tudo isso, eu percebo claramente o grande distânciamento dos jovens pela revolta, pela vontade de mudar. Nossos jovens estão cada vez mais imbecis. Eu vejo isso pelo meu meio. Não necessáriamente todos devem ser de esquerda, mas devemos questionar e se preciso, protestar. Há 10 anos, quando entrei para a faculdade, participei do Movimento Estudantil

De principio eu achava que só tinha aqueles carinhas comunistinhas com camisa do Che e nada mais. Mas com o tempo, nosso foco de luta era local, dentro da própria universidade. Lutávamos junto a administração da Univali por melhores condições de ensino. Tivemos muitas vitórias, muitas mesmo. Foi um período legal de formação da minha índole. Hoje, ao pisar na Univali, tive medo e receio, que nossos jovens são bitolados e tendem a aceitar tudo que é proposto. O mundo está mudando, mas ainda há de fazermos uma verdadeira revolução.

JB Jazz na noite de ontem

maio 9, 2008

Ufa! enfim passou a segunda noite do projeto JB Jazz, uma parceria entre o JB Pub e o Mundo47. Pela minha bobeada, não temos nenhuma imagem de ontem. Sem máquina, não pude registrar as performances da banda Samburá, da cantora Giana Cervi e dos canjeiros da noite, Bebê (Alessandro Cremer), Rubão e do mitológico Peninha.

Eu confesso que nesta segunda noite de jazz, eu estava menos nervoso. Tudo deu certo. Martins, nosso técnico de som deixou tudo 100%, para os músicos. Desta vez a Samburá veio desfalcada de Cláudio Pereira, que estava gripado e Duda Cordeiro fez sua estréia no JB Jazz no comando do contrabaixo de seis cordas. Duda, assim como os demais, além de excelente músico, é o mago 47 na arte de construção e reformas de instrumentos musicais. Foi responsável pelo upgrade na minha Giannini Diamond semi-acústica 1978.

Samburá iniciou a noite com tradicionais temas do jazz internacional. Evandro Hasse, Eliezer de Jesus, Duda Cordeira e Mário Jr. se revesavam nos solos precisos e estimulantes do jazz.  Além do mais, a noite era ideal para tomar umas boas garrafas de vinho, uísque e cervas geladas. Foi o que o público que veio fez, além claro, de ficarem atentos a cada movimento dos músicos no palco.

Logo depois, Giana Cervi, sobiu ao palco para sua parte na apresentação. Giana simplesmente arrasou! Seu carisma, simplicidade e profissionalismo ao interpretar músicas na lingua inglesa, eternizadas nas vozes de grandes divas do jazz, foi o ponto alto da noite. Pena que foram somente cinco músicas interpretadas, o público nitidamente queria  mais, ávidos pela novidade em Balneário Camboriú, afinal, não é qualquer lugar que tem um som tão sofisticado e diferente como o JB. Vários bilhetinhos chegaram nas mão da cantora, que não pôde saciar seus espectadores com as canções, mas a participação de Giana foi forte, marcante, imprensindível e com gostinho de quero mais.

Na segunda parte, as canjas foram fantásticas. Começando por Bebê, no piano (apesar de seu instrumento ser o acordeon) que detonou no tema composto originalmente pela banda Dr. Cipó. Logo depois foi a vez de Rubão

Mundo47 Festival: Resenha definitiva

abril 25, 2008

Agora com mais calma, eu posso falar um pouco sobre o Mundo47 Festival. Como organizador do show, sempre é complicado falar sobre todos os shows, pois não conseguir ver todos com devida calma. Horas antes do início do festival, o dilúvio que caiu sobre Santa Catarina, me fez tremer nas bases. Ao buscar o Autoramas em Floripa, vendo que aquela chuva e vento não paravam mais, pensei que ia miar tudo. Pior ainda foi saber ainda em Floripa, no sábado a noite, a banda não havia subido no palco por pura sacanagem – porquê para mim a situação foi uma sacanagem – com o pessoal da Célula, na capital.

Ai veio o início do Mundo47 Festival e a chuva forte que prejudicou a estrutura do JB, em cima do palco. A montagem do som foi complicada, pois a decisão de dividir o palco com imensas latas plásticas de lixo não era o objetivo, mas graças a persistência do pessoal do JB, a banda Incolores começou a roncar o róque and rou por volta das 18 horas. O público ia chegando timidamente ao JB e já na segunda banda, Os Parachamas, a casa estava cheia. Muito bom para um final de semana com chuvas. Na realidade, como promotor do evento, as chuvas atrapalharam, mas não foi motivo para a festa ser pior. A grande surpresa mesmo foi a vinda do público de fora de Balneário Camboriú. Gente de Joinville, Blumenau, Jaraguá, Rio do Sul, Brusque, Curitiba e até mesmo alguns 48 de Florianópolis deram o ar da sua graça no evento. Já o público local, de BC, ficou com medo da chuva, somente heróis do rock apareceram por lá.

Na terça-feira foi foda ouvir de algumas bocas locais, que o JB é muito longe (só atravessar o morro da barra norte) e que a chuva foi motivo da “não” ida até o bar. Na boa, a desculpa não cola muito, pois quem quer, quer e vai. Voltando ao róque, que é o que me interessa, consegui assistir a apresentação dos Parachamas. Fantástico. A turma de Blumenau faz um excelente show e atrai cada vez mais público cativo em suas apresentações. A mistura de ska, rock, punk, bandinha alemã, prosit music e indie rock, tem muito de importante para o róque catarina. Esta que vive um excelente momento em 2008. Estamos no ano catarina do rock, sem sombra de dúvidas.

A apresentação dos Lenzi Brothers eu vi pingado. Na primeira parte, aquela potência máxima ao som de “Flutuar”, do novo disco. Em maio eles estão com novo disco na praça e será uma bomba atrás da o utra. Abandonando a pegada do blues e diluindo o nitro todo da guitarra de Marzio no rock and roll. Simplesmente bom e fantasticamente rock. Dai tive que vazar para buscar o Autoramas. Perdi o resto do show dos Lenzi que só peguei o finalzinho.

Mesmo com o piso molhado, o Autoramas teve que colocar pneus biscoito e regular o carro para a pista molhada. Flavinha, nova baixista que estava no seu quinto ou sexto show com a dupla Bacalhau e Gabriel Thomaz, disse que a banda estava fazendo seu primeiro show “aquático”. Mas nenhum dos percalços foi problema para a máquina “wrock” do Autoramas. Com um repertório apoiado no disco novo, Teletransporte, a banda não esqueceu dos seus 10 anos de carreira onde apresentou a nata da nata da sua discografia, a mesma que está disponível totalmente na página da Trama. Na platéia, o público se deliciava e delirava com tantos riffs da guitarra nervosa e melódica de Gabriel, a cadência automática e definitva de Bacalhau na batera e Flavinha, fazendo seu debut em SC, mostrando todo seu carisma e competência nas quatro cordas graves. Um show inesquecível de todas as formas, por seus periféricos problemas climáticos, até a performance incrível do trio carioca. Ficou na história do MUndo47.

Marquinhos Espíndola da a sua versão dos fatos

Convidado especial para o comando das carrapetas malditas na discotecagem do Mundo47 Festival, o jornalista e chefe mor do espaço Contracapa – Diário Catarinense – dá a sua versão dos fatos rock and roll daquela fria, chuva e delirante noite no JB Pub.

O sermão do rock
 

Bem-aventurados aqueles que estão preparados quando a sua fé no rock é posta à prova. E bem-aventurados aquelas quase duas centenas de pessoas que não se intimidaram com a chuva torrencial, e muito menos com o vento insistente, do último domingo e se fizeram presentes para aquecer o clima na primeira edição do Mundo 47 Festival.   E acredito que fomos muito bem recompensados pelo belo passeio roqueiro guiado por Incolores, Parachamas, Lenzi Brothers e Autoramas, que conseguiu tocar em Santa Catarina, depois do pesadelo da noite anterior com o cancelamento do show em Floripa, por conta da interdição inesperada da Célula Cultural. No final de semana onde tudo parecia conspirar contra o rock, encontramos a redenção no palco castigado por uma xarope goteira do JB Pub!

Corta a cena: há que se ressaltar que não é novidade para ninguém que, na área 48, o rock e a música autoral vivem sob a intensa “cruzada” (no seu sentido bíblico e vil mesmo do termo) por cartéis de natureza obscura – e isso não é teoria da conspiração!

Ação: então voltamos nosso redentor festival. Rafa Weiss e seus comparsas podem e devem se orgulhar do feito. Aquela investida somada a outras belas sacadas da militância independente da área, como o coletivo Válvula Rock e Barba Ruiva, tornam a região o mais produtivo e seguro reduto para a proliferação do cenário musical neste estado, no momento. Aliás, o mesmo vale para o Oeste.

Eu sabia que não estava errado quanto ao som do quarteto Incolores. A banda de Jaraguá do Sul, que eu só conhecia pelo Myspace, mas que me fora recomendada pelo Weiss, é uma das boas razões para ter saído de casa naquele domingo broxante. Um show orgânico, melódico, cadenciado e estimulante.

Parachamas, de Blumenau: outra boa surpresa. Podem até me chamar de dissimulado, mas aquela irreverente carga sonora tinha mais de autenticidade punk do que a aceleração rrrrock da atração nacional da noite, o trio Autoramas, do Rio (ainda assim responsável por um grande show). A desfaçatez com o ego deixa a coisa toda tão livre e reverberante. E o peso não vem dos braços, mas dos pulmões. O trompete foi muito bem sacado e deu até para improvisar uma “nanoocktoberfest”.

Então veio ao palco, aquela que foi para mim, a banda da noite: Lenzi Brothers, de Balneário Camboriú. Simplesmente acachapante. Não entrarei em detalhes porque considero um prêmio aos preguiçosos compartilhar tamanha paulada. Mas até por consideração aos rapazes da família Lenzi adianto aqui que o novo CD da banda já está aportando, será lançado em maio e, a julgar pelo show que serviu como uma pré-estréia, será foda!!! Aguardem, mas bem feito para quem não foi e bem-aventurados aqueles fiéis crentes do rock!

 

Ps : Sei não, mas sinto que os roqueiros da Capital estão diante de uma iminente diáspora, a fuga do deserto da mesquinharia, o irônico exílio de Desterro! Como diria o gaúcho:

– Deu pra ti!

Texto: Marcos Espíndola

Fotos: Pry Demarch

Resenha: Casa de Orates/ Itajaí – 19/04/08

abril 22, 2008

Abriram os portões do hospício

Felipe Damo, especial para o blog Mundo 47 

 

Sábado é um dia sempre repleto de possibilidades. Era o dia ideal para assistir ao show da Trupe Sonora Casa de Orates, uma mistura contemporânea de Mutantes, Secos e Molhados e Jethro Tull. Tudo bem, rotular não é legal, mas foi uma pista para tentar aproximar o leitor dos caras que encheram pela segunda vez o Teatro Municipal de Itajaí, que não é pequeno, e receberam os aplausos em pé de uma platéia diferente, mas bastante motivada.

Com um som mais pra mambembe medieval do que para rock psicodélico – quem discordar que vá ouvir Jefferson Airplane e depois a gente conversa – o show da Casa de Orates ganha pelo conjunto. É bem montado e dentro daquilo que a que se propõe, levar o espectador a uma viagem musical pelo mundo dos sonhos, os caras mandam bem. Usam com maestria os artifícios cenográficos, dentro de uma linguagem teatral que confere ao espetáculo uma noção de começo, meio e fim (???). Em resumo, dá pra se divertir numa boa além de ver algo no mínimo diferente do que se encontra aí pelo mainstream.

Mas, vamos falar das músicas, já que não se trata de um grupo teatral nem de uma companhia de ballet clássico. As letras são uma doideira que deixariam Syd Barrett com cara de careta. Pronto, falei. Contam histórias de sonhos, de viagens existenciais e de outras bizarrices. No meio da apresentação um deslize: rimaram “papel” com “léu”. Ô, pessoal, que coisa mais Sérgio Reis! Ele já usou essa rima lá na década de sessenta em Coração de Papel! Mas tudo bem, pula. Como diria meu amigo Flávio, “rima com rima, comi tua prima!”. Uma coisa interessante, durante o show você não sabe muito o que é música e o que é roteiro do espetáculo, os caras vão tocando, vão cantando, vão falando, e você vai sendo levado. Gostei disso.

 Já as melodias podem ser conferidas no site da banda http://www.casadeorates.com.br , onde ainda é possível baixar os arquivos em mp3 e comprar o cd “O Artesão dos Sonhos”. O grande destaque e diferencial da banda no aspecto melodia é uma maldita flauta que fica tocando dentro da tua cabeça horas depois do show terminar. A combinação flauta com rock progressivo (argh, pros chatos progressivos!!) até que ficou legal. Foi usada na medida certa, sem abuso. No mais, foi um belo espetáculo. É sempre bom ver crianças, jovens e pessoas de mais idade curtindo música de verdade. Embora o show fosse gratuito, fiquei com aquela impressão de que não joguei fora o dinheiro do ingresso.

 Em tempo: a abertura do show ficou por conta do cada-vez-mais-versátil-multi-artista-e-quase-super-herói Rafaelo de Góes e de Mano, o polegar cantor (mas também, quem vocês esperavam que fosse abrir a porta do manicômio, hein?)

 

Resenha: Ozzy Osbourne – SP/05/04/2008

abril 15, 2008

De dieta, sem morcegos e batendo umazinha antes do show

 

Por Klauss Peter Loos*

 

Sábado, 05 de abril, nos dirigimos até São Paulo para assistir a apresentação do lendário Ozzy Osbourne, um ícone do heavy metal e do puro rock’n roll! O que dizer desse senhor de 59 anos, que foi o líder de uma das bandas seminais – Black Sabbat – da história do rock e um dos pais do estilo mais pesado, o Heavy Metal? Muitas pessoas, depois da série de TV The Osbournes, achavam que o velho mestre estava acabado, detonado, em fim de carreira. Mas, para quem é fã de verdade e acompanha as movimentações do estilo, sabia que seria um show histórico, e assim o foi.

 

O estádio do Palmeiras é aconchegante, mas para esse tipo de evento é pequeno, pois muita gente ficou de fora, e 40 mil pessoas é pouco para a grandeza do espetáculo. Às 20 horas, subiu ao palco a banda Black Label Society, do guitarrista da própria banda do Ozzy, o endiabrado Zakk Wylde, que conta com o maior respeito da galera do metal, pois seu estilo único de tocar deixa todos babando pelos seus solos. Foi uma curta apresentação pois ele devia se poupar para o show do Mestre que viria depois, fechando a grande noite.

 

Zakk tocou até os dedos esfolarem

 

Antes de Ozzy subir ao palco, apresentou-se a banda norte-americana Korn, que faz um som estranho, de difícil definição, pois usa muitos samplers, barulhos esquisitos, vocais que, às vezes, lembram musicas de rap e, em certas partes, a guitarra usa afinação bem baixa para dar um groove às musicas.

 

Ao final das apresentações, um clima de ansiedade caiu sobre o estádio que, durante longos minutos, esperou apreensivo pela entrada da estrela da noite. Antes de subir ao palco, Ozzy provocou o público dos bastidores ao gritar no microfone a melodia “Olê Olê Olê”, que foi respondida prontamente pela platéia “Ozzy! Ozzy!”. Foi neste clima que o show começou, com um vídeo hilário, satirizando algumas séries e filmes como “Lost”, “A Família Soprano” e “A Rainha”, onde o músico incorporava alguns dos papéis principais.

 

Por volta das 22:30 horas, a ópera Carmina Burana dava a senha para o início do show, e o cantor britânico entrou detonando “I Don’t Wanna Stop” do seu novo álbum Black Rain. O cantor mostrou vigor no palco, cantou afinado, agitou muito e conseguiu dar conta do recado. Interagindo com a o público o tempo todo, ele fez questão de distribuir vários baldes d’água para os fãs que estavam mais próximos do palco. O Show teve tudo o que podemos esperar de uma bela noite de Heavy Metal. Público alucinado, bandas tocando sem parar, guitarristas empolgados em solos e uma dose de insanidade do guitarrista Zakk Wylde, que cortou a mão durante o último show e continuou a tocar até o final, tingindo sua guitarra de vermelho, mas sem deixar o som parar.

 

Músicas de todas as fases de sua carreira estiveram presentes, com destaque para “War Pigs”, “Iron man” e “Paranoid” de sua antiga (e às vezes atual) banda BLACK SABBATH. Após clássicos como “No More Tears”, “Mr Crowley”, “Mama, I’m Coming Home”, “Crazy Train”, “Suicide Solution”, “Bark at the Moon” e outros,   o cantor deixou o palco, apesar do público implorar por mais e mais músicas, cantando em uníssono “One More Song, One More Song”.

 

Ao final da apresentação, senti minha alma purificada algumas dores no corpo e lágrimas a menos. Afinal, não é sempre que se vai a um show de puro rock. Fico com a sensação de dever cumprido, pois uma possível volta do Ozzy para uma nova apresentação é ainda uma incógnita, pois nunca se sabe o que ele poderá aprontar nos próximos anos! O que seria uma pena para os fãs do rock clássico, que estão vendo seus ídolos sumindo aos poucos e sendo substituídos por astros artificiais criados simplesmente pela mídia.

 

* Klaus é autor de vários textos com resenhas dos melhores shows de heavy metal

 

 

 

Resenha: De volta às Geléias Musicais

abril 11, 2008

Evandro Hasse

 

O palco do JB recebeu na noite de ontem(10), músicos da região que se uniram para uma jamm session repleta de improvisos. Traduzidas como geléias musicais, as jams proporcionam êxtase aos executantes e aos apreciadores que de alguma forma contribuem com a brincadeira organizada dos amantes do jazz. Notas escolhidas e harmonia peculiar são apenas algumas das características do movimento sócio-cultural, que respingou influências no mundo todo e como não poderia ser diferente, conquistou fãs brasileiros.

 

 

 

Tomáz Tessler

 

Ontem, o grupo Samburá de Itajaí apresentou os famosos standarts do jazz, estreando o estilo no JB que é conhecido como pai do Rock Roll, em Balneário Camboriú. Samburá é uma banda instrumental, com trabalho autoral que reúne parte da riqueza da Música Instrumental Brasileira. Hora ou outra, o grupo troca harmonias tortas com artistas que também têm o instrumento como maior companheiro. Desta vez, a banda foi representada por Mariozinho (bateria), Claudinho Pereira (guitarra), Elieser Patissi (piano) e os convidados, Evandro Hasse (metais) e Thomas Tessler (contrabaixo).

 

 

Eliezér de Jesus

 

A platéia ainda tímida avaliou as primeiras notas e não tardou a perceber que a música instrumental traria instrumentos característicos do estilo. Há tempos que não ouvia a surdina do trompete de Evandro Hasse (meu maridão) soar tão bem em um improviso. Sem falar no piano de Eliezer, que se destaca pela criatividade e bom gosto.

 

 

Marinho

 

Acompanho o movimento musical de Itajaí e região há pouco, mas através das impressões dos músicos com quem convivo, presenciei algumas noites de sucesso instrumental.  Em 1998, ano em que o projeto e banda Itajazz perpetuou trabalho na cidade de Itajaí, a vontade latente dos músicos explodiu como um vulcão que borbulhava. Durante algum tempo, o movimento seguiu, mas infelizmente, com algumas exceções em cidades vizinhas, o hábito de tocar jazz e abrir para canjas tornou-se exclusividade da época do Festival de Música de Itajaí, no mês de setembro.

 

 

 

Cláudio Pereira

 

A briga pela música instrumental e a execução do jazz na região vêm de muito tempo. A luta iniciou com mestres que já se foram como o pianista Nenê e o compositor Carlos Niehues.  O popular virou unânime, que bom! Melhor seria se o refinado também pudesse tornar-se novidade. Palmas para o JB e ao meu amigo Rafa do Mundo 47, que em meio a tantas opções, apresentam ao público um sempre novo, mas já antigo movimento: o jazz.

 

Natália Uriarte Vieira

Resenha: Bárbara Damásio canta Chico – 06/04

abril 7, 2008

A jovem cantora Bárbara Damásio, 21 anos, de Itajaí, subiu ao palco do Teatro Municipal na noite deste domingo para mais uma edição do seu “Bárbara canta Chico”. Quem esteve no Municipal teve a chance de ouvir uma das mais belas vozes da região, que com o tempo e trabalho pode ser destaque em todo país.

Se no repertório de Chico Buarque sobram composições espetaculares e populares que facilitam a escolha do repertório para uma homenagem com garantia de sucesso, certamente não é qualquer artista que consegue interpretá-las com a qualidade que Bárbara o fez.

Além disso, a cantora resolveu fugir das mais convencionais, e claro, não menos brilhantes composições de Chico. Bárbara foi extremamente feliz na escolha das canções. Quem já teve a oportunidade de vê-la cantando há algum tempo e assistiu ao show deste domingo, certamente percebeu o amadurecimento da cantora, que aos poucos vai abandonado o esteriótipo “gritante” das jovens cantoras da MPB – que mais parecem cópias em série de Elis Regina – e assumindo um estilo próprio, “gastando” sua voz na medida certa, o que como uma mera ouvinte de MPB considero raro e o mais difícil de se ouvir.

Os convidados também foram uma escolha acertadíssima. Com uma irreverência e com um estilo mais do que próprio de interpretar a passagem de Chico Preto pelo palco foi veloz, mas marcante. Não só pela interpretação irreverente e divertidíssima em “Biscate”, mas também porque livrou Bárbara do nervosismo aparente do início da apresentação. O mesmo aconteceu com a entrada de Giana Cervi no palco. Giana – que dispensa qualquer comentário – tem uma presença de palco contagiante o que mais uma vez contribuiu para que Bárbara relaxasse.

O que faltou? Na minha visão faltou direção e comunicação com a platéia. As canções poderiam ser melhores distribuídas. Houve uma seqüência relativamente longa de canções mais densas de Chico criando um clima intimista ao extremo em certos momentos e a diversão – com exceção da participação de Chico Preto logo no início –  ficou reservada mais para o final da festa.

Se a voz de Bárbara “dá e sobra” para cerca de uma hora e meia de Chico Buarque – que ressalto mais uma vez ser um mérito para qualquer intérprete de renome, ainda mais para uma artista tão jovem – faltou comunicação, com o público e com a própria banda.

A platéia queria Bárbara, pedia por ela, mas a menina pouco falou. Fora alguns tímidos “obrigada”, Bárbara deixou para o final uma fala rápida de agradecimentos, algo mais burocrático, parecia estar temendo uma platéia que – ao menos ao meu redor – era só elogios, mas pedia um pouco mais de atenção. Mas não foi somente a falta de diálogo, o corpo também precisa falar e o de Bárbara estava meio quieto, inseguro, coisas que só o tempo é capa de trazer.

Por isso, considero que apesar da falta desta direção, “Bárbara canta Chico”, foi um espetáculo muito bom, pois no final, a interpretação das canções superou estas falhas e fez com que o público saísse satisfeito e muita gente comentando que ainda queria mais.

Acredito que o mais importante a se falar é que quando Bárbara subiu ao palco neste domingo ela assumiu um compromisso com a platéia. O compromisso de melhorar cada vez mais suas interpretações, de seguir na escolha de um bom repertório e de interagir melhor com o público que tanto a admira. E isto é simplesmente fantástico. Nas raras produções regionais que se vê ultimamente com clássicos da MPB a grande vontade é mesmo de ir para casa e dormir, algo que certamente não aconteceu neste domingo.

Texto: Fabricia Prado – Jornalista
Foto: Guilherme Meneghelli

Parachamas em Curitiba – 21/03/2008 – 92 Graus

março 27, 2008

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O Alexandre M., dos Parachamas, manda um plá sobre a ida da banda até Curitiba para um show no 92 Graus. A fextênha róque rolou no último dia 21 na capital dos 41. O Parachamas é atração garantida no próximo dia 20 no Mundo47 Festival.

Como eu sempre digo, Curitiba é uma cidade grande na medida certa. Assim com algumas cidades brasileiras, Curitiba é perfeita para qualquer banda que pretenda mostrar seu trabalho para um bom exigente público. É uma cidade repleta de boas casas de shows para qualquer gênero musical ou artístico em geral.Chegamos na capital 41 por volta das 18 horas e lá fomos recepcionados pelos nossos amigos da banda Terroristas de Butique. Como a passagem de som era por volta das 20 horas, conseguimos até dar uma volta pela cidade e também parar numa praça de alimentação num dos shoppings da cidade. Depois disso tudo, nos dirigimos para o local do show

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O palco desta vez foi o 92 Graus e, além do Parachamas, também tocaram as bandas Terroristas de Butique e O.P.U.E(O Pensamento de Uma Ervilha). Eu poderia simplesmente resumir o 92 Graus como sendo a casa de shows que já recebeu bandas como Fugazzi, Less Than Jake, Varukers e tantas outras… Mas isso seria pouco para descrever tudo que envolve o lugar. Ambiente espaçoso e muito bem decorado, palco bem estruturado e funcionários gente finíssimas, fazem do 92 Graus um dos melhores lugares em que o Parachamas já tocou. 

O Show em si foi algo, no meu ponto de vista, surpreendente. Apesar de não tão cheio, o público presente fez por valer cada segundo de cada música. Como me disse Lucas(Voz-Terroristas) “Haviam menos pessoas do que esperávamos, mas quem veio virou fã.”. A empolgação de todos refletiu diretamente em nossa energia no palco e acredito que não deixamos o público “na mão”! 

Depois do show, fizemos o que todo mundo deveria fazer depois de subir num palco, ou seja, sentamos, bebemos e conversamos com nossos grandes novos amigos dos Terroristas de Butique, OPUE e pessoal do 92 Graus. Com certeza, estamos contando os dias para retornar ao 92 Graus, dia 13/04,no Vans Zona Punk (às 14h)

Tequila Baby- JB Pub – 09/03/2008

março 10, 2008

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Tequila Baby espera tocar em Balneário Camboriú em breve

Rolou ontem no JB Pub, em Balneário Camboriú, a primeira edição do festival Supra Sumo, que reúne as produtoras Válvula Rock de Itajaí e Barba Ruiva de Blumenau. No menu, bandas como Police Play Eggs (Blumenau), Anti-Heróis (Itajaí), Rockpictureshow (BC) e a headline do dia, os gaúchos do Tequila Baby.

Já pela tarde, uma multidão esperava para entrar no bar, que estava socado de fãs da banda do RS. Infelizmente, não pude assistir as apresentações do Police e do Anti-Heróis, pois estava no hotel entrevistando o Tequila Baby (matéria ainda esta noite no Mundo47), mas segundo populares, foram shows muito bons. Só pude mesmo conferir a eletrizante apresentação do Rockpictureshow. Mesmo com o vocalista Nei ganhando a antipatia do público com relação a aqueles pedidos ridículos de ‘Toca Raul”, Nei debulhou os verdadeiros clássicos do RPS. A entrada do tecladista na banda também foi fundamental, pois não somente sons de teclado, órgão que o rapaz coloca na roda, efeitos extremamente bizarros e psicodélicos dão um bom caldo para o já excelente som da RPS. Eu acredito que o Rockpictureshow merece um disco inteiro pelos bons sons que anda produzindo. Definitivamente é uma das melhores bandas do Estado.

Depois da montagem da aparelhagem, o publico já agoniado na espera dos gaúchos do Tequila Baby, avistou as figuras de Duda Calvin, James Andrew, Rafael Heck e Otto entrando no palco do JB para mais um show de quebrar os ossos, literalmente. Destilando um clássico após o outros, a banda parecia demonstrar que tocar num lugar pequeno como o JB, é muito mais atraente do que enfrentar o público numa grande casa de show ou até mesmo num grande festival. Muito, mas muito próximos de seu público, o frontman Duda Calvin era o maestro das rodinhas de pauladas no meio da galera. James estava endiabrado e em certo momento chegou a dar um mosh fazendo um solo de guitarra – eu achei inacreditável a cena – terminando o solo no meio dos braços do povo e sendo devidamente devolvido para o palco, são e salvo.

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Duda Calvin comanda o esporro organizado do povo

No mesmo nível do show do Matanzas no JB, realizado em 2007, o público mais uma vez foi fator diferêncial no show do Tequila Baby. O esporro organizado fez com que até os seguranças da frente do palco, vazassem com o rabinho entre as pernas, a noite era deles,  público e de seus ídolos.

Nem mesmo o calor insuportável foi motivo para desânimo. O Tequila Baby continuou sua apresentação com a galera dando mosh e com o som no talo, a banda só parou mesmo com um pequeno problema no retorno. Antes, Duda Calvin aproveitou para elogiar a cidade e também pregou que a banda demorou 14 anos para tocar em Balneário. “Essa será a primeira apresentação de muitas aqui”, profetizou o vocalista. Na finaleira, a banda ainda tocou três covers de Ramones, banda pela qual o Tequila tem a maior paixão (e o público também) e também finalizou totalmente sua apresentação com sensação de dever feito.  Já no backstage, o Tequila Baby estava feliz com mais uma apresentação redonda e de sucesso, na esperança de uma breve volta a Balneário Camboriú.

Finalizando esta resenha, vale ressaltarmos a parceria entre a Barba Ruiva e a Válvula Rock, o primeiro evento de muitos que virão, que foi um tremendo sucesso, colocando quase 420 pessoas dentro do JB. Outro elogio importante para o próprio JB, que está se tornando definitivamente o bar rock and roll de Balneário Camboriú, que é conhecida nacionalmente como capital da música eletrônica. Hoje podemos dizer que BC está com os dois pés no mundo do rock e com certeza muitos eventos rock irão rolar ali naquele espaço. Vida longa ao Barba Ruiva, vida alonga a Válvula Rock, vida longa do JB Pub.

Fotos: www.eutivinapraia.com.br

Iron Maiden em Curitiba – 04/03/2008

março 7, 2008

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Bruce comandando a nação de fãs do Maiden no Paraná

Nosso colaborador para assuntos de heavy metal, Klaus Peter Loos, esteve em Curitiba na última terça-feira para o show do Iron Maiden. Confira o relato da testemunha da passagem dos passageiros do Iron Maiden Force One por Curitiba. As fotos são de Makila Crowley.

Fantástico, maravilhoso, fenomenal, incrível, etc, etc…, qualquer adjetivo pode ser usado, sem modéstia, para o que aconteceu em Curitiba na terça feira 04/03/08! 

A expectativa pelo show da donzela era enorme, pois a turnê nada mais era do que uma volta ao passado, uma volta ao mítico tempo de Powerslave, que entre 1984/85 se transformou no maior show da Terra, produzindo o melhor disco ao vivo da história, o fenomenal “Live after death”, retirado da famosa turnê World Slavery Tour!! 

Foi como entrar no túnel do tempo em grande celebração, como poderíamos dizer, pois a devoção do público, cerca de 25 mil pessoas, era tamanha,  que todos pareciam estar dentro de um culto, um culto ao mais poderoso heavy metal já produzido, já que para mim, metal é uma religião, que não te cobra nada, só te traz felicidade! O local do show totalmente espetacular, a pedreira Paulo Leminski é um lugar fantástico, a acústica é excelente e toda a infra-estrutura para um espetáculo desse porte foi muito bem distribuída. 

Uma fila de 2 km, que quase dava a volta no parque, mostrava o tamanho do que viria a seguir, pois até o céu, completamente estrelado dava ares poéticos e épicos ao show! Bem, todos na expectativa, e pontualmente às 20 horas, Lauren Harris, a filha do baixista Steve Harris, do Iron Maiden, subiu ao palco para abrir os trabalhos. Seu som é diferente, numa mescla de hard rock com um vocal mais pop. A banda tocou por mais ou menos 25 minutos, ela não empolgou, pois tocar antes da Donzela não é mole, a ansiedade era demais! 

Com pontualidade britânica como deve ser, às 21 horas, as luzes se apagaram e a música “Doctor Doctor” da banda Ufo começou a tocar nos PAs, era a deixa para o telão mostrar o avião próprio da turnê, o Eddie Force nº1,  pousando no aeroporto, daí, foi a catarse, Winston Churchill, narrava a intro, e “Aces High” entrava alta e clara nos nossos ouvidos, o palco se iluminava e podíamos ver um templo egípcio maravilhoso, com detalhes mil, e podemos voltar ao primeiro Rock in Rio, onde com esse mesmo palco, o Maiden tocou para 300 mil pessoas, o recorde da banda. 

A banda é fantástica, Bruce Dickinson estava a mil, sua voz estava vigorosa como sempre, pulando de um lado para o outro levantando o público! Steve Harris, o melhor baixista do mundo, bangueava freneticamente sentindo toda a resposta do público e o que falar dos guitarristas Adrian Smith, Dave Murray e Janick Gers? Perfeitos, virtuosos, pesados, carismáticos, enfim, poderosos! E o batera Nicko Mcbrain? Esse é de uma precisão milimétrica, além de ser uma figura muito engraçada!

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Mar de camisas pretas invadiu a Pedreira Paulo Leminski 

A seguir, veio “Two Minutes to Midnight”, com seu riff de guitarra cortante e seu refrão em que todos cantaram vigorosamente!! “Revelations”, do álbum “Piece of Mind” entrou super pesada, mostrando o poder de se ter três guitarras ao mesmo tempo.  As imagens do fundo do palco mudavam constantemente, e quando Bruce colocou uma jaqueta vermelha de guerra para chamar “The Trooper”,  desfraldou a bandeira britânica!

A seguir, um dos momentos mais emocionantes da noite quando “Wasted Years”  começou, notava-se a emoção dos músicos, pois essa música fala especialmente da vida na estrada, e ela é fantástica, com destaque para Adrian Smith, que solou com muito feeling!Uma voz grave começa a ser entoada, era a entrada triunfante de “The Number Of The Beast”, com destaque para Murray com suas caras e bocas durante os solos! 

A primeira faixa de “Seventh Son” foi “Can I play with madness”, extremamente bem recebida pela galera, e até aí, o show já era histórico, mas se tornaria ainda maior com a próxima música, a fenomenal “Rime of the Ancient Mariner” do “Powerslave”.  Bruce Dickinson apareceu no fundo do palco com uma capa preta, sempre interpretando as letras, frente a um pano de fundo específico para “Rime…”, que fez do palco um navio.

Este épico de 13 minutos, com uma das melhores letras, muitas variações e algumas das linhas instrumentais mais memoráveis da banda, fizeram todos acompanharem com celulares e isqueiros a parte lenta da música. A musica “Powerslave”, minha preferida, trouxe um Bruce mascarado ao palco, exatamente como fez há 23 anos, nela, a letra é totalmente uma aula de história, falando a respeito da saga dos faraós que viveriam eternamente após a morte, suas dúvidas e angústias, e o que falar do solo duelado das guitarras?

Um espetáculo à parte!! Nessa hora, nós, que éramos sortudos de ver a banda ao vivo,  podemos acompanhar outros mais sortudos ainda. Eram roadies e pessoas premiadas em promoções de rádios que subiram ao palco para, junto à banda, fazer o tradicional coro ÔÔÔ… ÔÔÔ… em “Heaven Can Wait”. Daí, veio “Run To The Hills”, com seu riff galopante, foi cantada tão alto pelo público que pouco se conseguiu ouvir da voz de Dickinson, mesmo estando em frente ao palco. Como uma espécie de bônus, já que essa música não faz parte da temática dessa turnê, veio “Fear of the Dark”, que todo mundo cantou junto! Chegando a hora de terminar o set, veio a única música da fase do primeiro vocalista Paul Dianno, a clássica “Iron Maiden”, que geralmente fecha o espetáculo. Então, era hora do monstro, o mascote Eddie, brincar. Eddie entrou no palco, para delírio da multidão, com a mesma roupagem da turnê do“Somewhere In Time“, com sua forma ‘cyborg’ e com sua arma laser ele brincava com Dave Murray e Janick Gers , deixando todos maravilhados!Fim do primeiro ato.

Depois de uma breve pausa, com o fundo do palco trocado por um Eddie mais misterioso, surgiram os lampejos de um violão na intro de “Moonchild”, e depois mais uma do “Seventh Soon”, “The Clarvoyant”, que tem um refrão dos mais contagiantes! Por fim, veio a mega clássica “Hallowed Be Thy Name” que dispensa apresentações,  encerrando de maneira espetacular uma noite inesquecível. Depois de 23 anos da turnê que trouxe o Iron ao primeiro Rock in Rio, é visível que a banda só melhorou, amadureceu e, com o passar dos anos, cresceu a olhos vistos.

Era o fim de um sonho, a expectativa foi totalmente superada e vai ficar na memória de todos os que estiveram presentes, até o fim de suas vidas.  O dia 4 de março marcou história de Curitiba. Para os antigos fãs, foi possível relembrar os melhores momentos da Donzela em versões até melhores do que as de antigamente, enquanto os novos puderam saber qual é o peso do Iron Maiden num palco. Simplesmente histórico.

Assistir a um show do Maiden é uma experiência pela qual toda pessoa que gosta de rock deveria passar um dia, sem exageros. Só que isso é algo que talvez apenas quem já viu e vivenciou sabe bem o que é.  E quem perdeu? Pois é, perdeu…E para encerrar, uma frase do Rei Roberto Carlos, que cabe direitinho aqui, “se chorei ou se sofri, o importante é que emoções eu vivi”!! Obrigado Iron Maiden. UP THE IRONS !!

Resenha: Deep Purple em Curitiba: 23/02/2008

fevereiro 25, 2008

DEEP PURPLE, A LENDA VIVA

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Vitalidade: Sessentões do Purple continuam agitando platéias pelo mundo

Por Klaus Peter Loos*

Deep Purple, uma lenda viva no Hard Rock, esteve em Curitiba/PR, no sábado (23/02), apresentando um show, parte da turnê comemorativa dos 40 anos da banda,  na casa noturna Hellooch.Muita chuva na capital paranaense, mas para o pessoal do rock, isso não é motivo para ficar em casa, ou seja, casa praticamente lotada!Quem abriu o espetáculo foi a banda paulista Shaman, que depois da saída de três integrantes, conta apenas com o baterista Ricardo Confessori como membro original. A banda precisou fazer um set bem curto, pois a grande atração já estava na espera, assim como grande público.

Às 22:40 horas, para o delírio da galera, o Deep Purple entrou com tudo, mandando “Pictures of Home”, emendando “Things I Never Said”. Foi possível constatar, ao vivo, como esses músicos são espetaculares, Steve Morse, substituto à altura de Ritchie Blackmore, deu um show à parte entre as musicas, mostrando toda sua versatilidade, solando e tocando riffs conhecidos como “Iron Man” (Black Sabbath) e “Sweet Child on Mine” (Guns).

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Formado em 1968, a banda completa 40 anos de estrada e muito rock

Ian Gillan ainda está em plena forma, apesar de todos sabermos que sua voz já não agüenta um tranco direto, precisando de algumas pausas entra as músicas, mas nada que desabonasse o espetáculo. Don Ayrey, o virtuoso tecladista, em seu solo, também tocou trechos de músicas como o do filme Super Man e Guerra nas estrelas, muito interessante. Durante todo o tempo, a banda desfilou sons mais recentes como do álbum “Bannanas” e “Rapture of the Deep”, entrando em clássicos como “Lazy”, “Strange Kind of Woman”, “Space Trucking” e “Highway Star”.

Ian Pace solou sua bateria como um jovem iniciante, com grande disposição e técnica, levando todos a pular e, na seqüência, o momento mais efusivo do show, “Perfect Strangers”, cantado por todos os presentes a plenos pulmões. Após isso, a banda emendou seu maior clássico, o riff de guitarra mais conhecido do mundo, “Smoke on the Water”, fantástico!Pausa para o bis, o Deep Purple voltou para tocar mais dois clássicos, “Rush” e “Black Night”. Ótimo show, um pouco curto mas, com certeza, deixou um gostinho de quero mais.

Set-list:
Pictures Of Home
Things I Never Said
Into The Fire
Strange Kind Women
Rapture Of The Deep
Mary Long
Kiss Tomorrow Goodbye
Well Dressed
The Battle Rages On
Lazy
Keyboard Solo
Perfect Strangers
Space Trucking
Highway Star
Smoke On The Water
Hush
Black Night

FOTOS: WWW.MAKILACROWLEY.COM.BR 

*Klaus Peter Loos foi correspondente exclusivo do Mundo47 no show do Deep Purple em Curitiba. O homem é um profundo estudioso do heavy metal e segundo consta, tem uma das maiores coleções do gênero na sua casa. Sua contribuição é extremamente bem vinda aqui no Mundo47.   

Parachamas: nova promessa róque de Blumenau

fevereiro 14, 2008

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O meu respeito para com as bandas originárias de Blumenau é imensa. Stuart, Cuba Drinker and Hi-Fi´s, Minds Away, Hey Miss, Madeixas, Enzime, tantas outras, bandas que fizeram parte da minha vida no independente e ainda fazem. O mais bacana é ver que além destas bandas, Blumenau também vê o nascimento de uma nova grande banda. O Parachamas. Os seis amigos que compõe este combo que mistura algo que eles chama de Power Rock, mais o ska, o alternativo, powerpop e funny music, já deixou registrado um excelente produto musical em seu primeiro trabalho, o EP Bem Vindo, que contém cinco canções em formato CD e com capinha de papelão com uma arte irada.

A banda iniciou as suas atividades para valer em 2005, quando Alexandre M. (guitarra e vocal) e Alex Ricardo (bateria), músicos já conhecidos no underground 47, resolveram montar um powertrio com o baixista Eduardo Cuco. Nos primeiros ensaios as músicas já foram saindo, mas logo a banda viu que tinha intenções maiores com o som e logo a entrada Alberto (trombone de vara) e Marlon (trompete). ” A gente nem sabia o que estava fazendo, queríamos fazer música pesada, gritada, triste, alegre, calma, feia, bonita, suja e limpa, queríamos botar nossas 30 mil influências, o powerpop do Teenage Fanclub ao electro do Fischerspooner”, diz Alexandre M. O último a embarcar na “kombosa” do Parachamas foi o guitarrista Marcel.

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O ano início de 2007 foi problemático para a turma. Depois de um hiato devido a deficiência de local para ensaio, três dos integrantes decidiram dividir um imóvel para mergulhar de cabeça nos interesses da banda e também retomar os ensaios. Os guris do Parachamas creditam os esforços do pessoal da Barba Ruiva Produções Artísticas, pelas grandes oportunidades de shows durante o último ano. Em setembro de 2007 o Parachamas se reuniu para registrar o primeiro EP – Bem Vindo, gravado totalmente em Blumenau. Com um novo baixista no combo, Eduardo teve que vazar, Rodrigo Graciola assumiu as quatro cordas. O EP foi lançado em Dezembro e é um puta disquinho.

A união do róque com os instrumentos de sopro, as belas melodias e o vigor das músicas, fazem o som do Parachamas relembrar a falecida banda Butt Spencer, de Joinville, mas nas primeiras ouvidas atentas do EP, a coisa muda de figura. O Parachamas consegue impor um estilo próprio nas melodias e na batida sky. Aquela mistureba dita acima, vários estilos, não é bagunçada ou desorganizada, é muito bem elaborada e Bem Vindo, a faixa inicial, dá todas essas características. Outra boa canção é a seguinte. Perdendo o Controle. O combo de metais é francamente cronometrado e aparece nas horas certas e faz o gran finale da música, ajuda a perpetuar bem a melodia e o vocal de Alexandre M. coube direitinho nas pretensões sonoras dessa e das demais canções.

O papo da banda em fazer som porrada e calmo bate na terceira faixa. Como Não Dizer, faixa seguinte agrega essa calma relaxante do potente e bem regrado trombone de vara. Posso dizer que o Parachamas fez um excelente trabalho em estúdio, da qual conseguem transpor para suas apresentações ao vivo com perfeição. No ao vivo, além das chalaças e do público malaco, as associações com músicas de bandinhas alemãs de Blumenau dá aquela sensação bacana de que eles são 47 genuínos. Ultrabranco é a próxima faixa que dá uma quebra no sistema. Principalmente pelas suas harmonias quebradas e coladas. Ao longo da faixa a guitarra vai dando ritmo a coisa e os metais seguram o que vem pela frente. Ska puro, uma beleza e a bela paulada da dupla dos metais entre os versos. Superpefeito é o que mais se aproxima do estilo rockão. Gritado, desajeitado, jovem e vibrante.

Esse é o trabalho dos Parachamas. O primeiro EP dos piás está bem encaminhado. Agora resta saber se essa turma vai ter pique para permanecer com bons trabalhos. Acho que não será problema, pois pelo que vi ao vivo no John Bull no último Grito Rock, o Estado acaba de ganhar mais uma grande banda. Precisa de mais estrada, tocar em mais festivais, e claro, ter o reconhecimento dos fãs. Ai fechô.

Ficha técnica:

Parachamas – Bem Vindo – 2007/2008

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Gravado em Setembro de 2007 no Mazza Estúdio e mixado no MD Estúdio em dezembro de 2007. Faixa Superfeito gravada e mixada por Lapolli no Phoenix Estúdios em junho/julho de 2007.

CONHEÇA O PARACHAMAS

www.fotolog.com/parachamas

www.myspace.com/parachamas

Contato: parachamas@gmail.com

Grito Rock Balneário Camboriú

fevereiro 7, 2008

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Rockpictureshow incendiou a finalera com muito róque!

Agora sim. Depois de uma excelente terça-feira de foto (como diz o Marcos Espíndola), vem uma quarta-feira de cinzas, porém as cinzas deu lugar a um sol e alegria estampada no rosto de cada participante do Grito Rock Balneário Camboriú, realizado na noite de terça-feira no John Bull Pub, em Balneário Camboriú. A noite de festa para o róque catarina, pois nove bandas, de diversas partes do Estado, fizeram uma festa alegre, rock and roll e que realmente foi possível graças a persistência de Matheus Lenzi, para que toda banda tivesse condições mínimas para seu espetáculo.

Os Lenzi Brothers, “working class hero” do roque catarina, mostraram que não temem cara feia e pegaram o festival no muque para que ele se realizasse. Agradecimentos nessa hora são dispensáveis, mas o Mundo47 agradece principalmente a estas figuras do róque catarina, por seus excelentes serviços prestados, eles certamente não tem idéia do que isso significa.

Eu, particularmente, fiquei honrado em figurar na festa como discotequeiro oficial e numa seleção extremamente selecionada, vários petardos rock and roll foram executados antes, durante e só não rolou no final da festa, pois já eram quase 04h o final da fextênha.

Mas vamos falar das bandas:

Killing Ana (Floripa)

Eu vi a Killing Ana tocar em duas oportunidades. Nas duas a história era o Grito Rock. Essa segunda foi especial, pois foi no quintal da minha casa (Balneário) e nas duas apresentações, tive a mesma sensação: “Essa banda é muito boa porra!”. Sem mais exageros, a cozinha (baixo e batera), funcionam numa excelente sintonia e em seus petardos rock, a banda é perfeita. Composições próprias de qualidade, personalidade no palco e bons instrumentistas. É uma das bandas de Floripa que eu acho que não deveriam estar em Floripa.

 Incolores (Jaraguá)

Dessa banda eu já conhecia o seu trabalho na web, por sinal, excelente. Rock com influências sessentistas, jovem guarda, psicodelismo, enfim, uma excelente banda e com trabalho próprio com boa identidade. O show foi uma surpresa. Dispensando a iluminação do bar, o quarteto esteve envolto naquelas luizinhas vermelhas de Natal. Musicalmente, a coisa foi vibrante e rapidamente o Incolores sucumbiu à sintonia com a platéia, ambos se admiravam roqueiramente, mutuamente, não mais com a personalidade única de Jackson Peixer como um verdadeiro frontman, foi uma pena que cada banda tinha uns 30 minutos de show.

Verano (Floripa)

De uns tempos para cá a Verano se tornou uma das minhas bandas prediletas em SC. Isso tudo que eu vi três shows deles, porém a veia folk dessa turma me trouxe identificação. Um pouco prejudicados pelo sistema de som do John Bull, que não prevê bandas com tanta parafernália, mesmo com essa dificuldade, eles puderam dar o seu recado para o público. Quando eu digo parafernália, é porquê a Verano se preocupa em acrescentar, mesmo que ao vivo, muitos sons. Órgão Gambitt, escaleta, guitarras, violão, piano Suette, bateria, não é uma formação tão comum que os catarina são acostumados a ver no palco e talvez por isso, muita gente não entenda. É sim, o folk rock, a indie music, ainda não é acessível a todos. Assim como o Killing Ana, a Verano é uma banda que não merece Floripa, deveriam estar galgando ares mais disponíveis para seu som, que é excelente, vendável. Mas uma coisa eu falei para o Luiz Cudo: “Tá na hora de um álbum cheio urgente meu filho!”.

Parachamas (Blumenau)

Os parceiros da Barba Ruiva Produções sempre fizeram shows com esses tais de Parachamas. Eu infelizmente nunca pude vê-los de perto, mesmo Blumenau estando há poucos quilômetros de Balneário, porém, valeu a pena a espera. Um dos melhores shows da noite foi o do Parachamas. Para quem é um pouco mais velho e que acompanha a cena underground, vai lembrar da Butt Spencer, que misturava ska e hardcore. Se ouvir o Parachamas primeiramente vai até achar que é cópia do Butt Spencer. Engano seu, as aparências enganam. Não é porquê uma dupla com pistão e trombone de vara nas mãos, a coisa é igual. Soa diferente, é diferente e muita gente concorda que é bom pacas. Iniciando com a famosa música de Oktoberfesta “Ein Prosit!” em versão rock and roll, o Parachamas já ganha metade da platéia 47 com a tradicional música alemã executada nervosamente. Os caras são mó figuras, excelentes músicos e tem uma boa presença de palco. Parachamas é um grande nome que tem tudo para levar o nome de SC para fora do Estado em festivaizinhos róque rou. Em breve resenha do EP.

Da Caverna (Floripa)

Um powertrio, três irmãos, lembra muito a proposta dos Lenzi Brothers, porém é a Da Caverna que fez um show eletrizante. Com o irmão mais novo assombrando na bateria, a comissão familiar de frente deu conta do recado e petardos gravados na mesa do café da família Zimmerman foram postos à prova da audiência presente. Aliando a isso, a Da Caverna caprichou no que eu chamo de versões, porquê a nova roupagem que deram para músicas do Casa das Máquinas e dos Mutantes, foram dignas de uma nova composição. A banda está de parabéns também, pois são organizadores do Rural Rock Fest 2008, que será realizado em Março em São José. O trio de irmãos 48 é tipo os irmãos 47/49 dos Lenzi Brothers e também se aventuram para garantir que o róque nunca morra em Santa Catarina. O Rural Rock Festival tem franco apoio do blog Mundo47. Contem comigo rapazes.

Variantes (Chapecó)

Já era tarde, mas o público resistiu muito em ficar para ver as últimas bandas. O Variantes é sério candidato a melhor banda róque do ano. Estão com um projeto bacana, disco novo na praça bombando e shows, muitos shows eletrizantes pelo Estado de Santa Catarina e mais para frente, outros estados. Com um disco nas costas, os trinta e poucos minutos de show não foi problema para o Variantes que não precisou dessa vez, em BC, apelar para covers, como fez um mês atrás. Músicas como Descontrole, Sessão Remember, O Moderno e o 50tão e outras músicas do primeiro disco, foram figurinhas fáceis durante todo o concerto. Figuraça também é o vocalista/baixista Gustavo Faccio, já alegre pra dedéu antes mesmo de subir para tocar. O rapaz ficou ultra feliz com a música do Repolho que foi tocada na discotecagem.

Lenzi Brothers (Balneário)

Eles tavam endemonhados. Há quase cinco meses longe dos palcos por conta de um problema nas costas do baterista Matheus, os Lenzi Brothers despertaram para uma porrada de músicas que estarão dentro do próximo disco, provávelmente lançado pela Midsummer Madness. A abertura com “Flutuar” foi uma barulheira só. A música que já é nova, teve umas reformulações que a deixou um verdadeiro clássico. A hora que isso tiver na mão da galera, nossa, nem vou pensar. Mais na secura por rock, Matheus esmurrou aquela bateria como nunca havia feito antes. Endiabrado, ele ditou o ritmo das porradas. Buca Lenzi cantou como nunca e Marzio Darth Vader, com sua Gibson SG preta, mandou Luke Skywalker para o raio que o parta. Depois dessa quero mais shows destruidores dessa turma.

6me6 (Floripa)

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Quando Tschesco (baterista da Rockpictureshow) subiu no palco acompanhado de um trio de cabeludos eu pensei: “Que coisa é essa?”. O 6me6 fez sua primeira apresentação em público no John Bull. Nunca haviam tocado juntos para a galera, mas nem pareciam. A surpresa pelas figuras físicas dos músicos, foi logo abafada pela excelente qualidade técnica e composições próprias do 6me6. Tudo ensaiado na pressa, mas tudo saiu nos conformes no palco. O som é rockão. Não dá para rotular muito bandas rockão a não ser dizer que elas são rockão. É só isso. O quarteto fez soar tão bem as músicas próprias, da mesma maneira com a versão bombástica de “Hey, My, My” (Neil Young) que fizeram no show. O primeiro teste foi feito. Agora essa turma precisa se enfiar num estúdio e tentar registrar o lance que fizeram no palco. A dica é seguir o que o “palco” diz.

Rockpictureshow (Balneário)

Era mais tarde ainda quando o quinteto (sim, agora eles são um quinteto) subiu para o derradeiro show de despedida do Grito Rock BC. Do público inicial, muita gente ainda permanecia para ver o RPS e quem ficou, não teve desapontamento, pelo contrário, eles são os donos do show mais elétrico de róque no Estado. Sem meias palavras. Com a entrada do quinto elemento na banda, num teclado com sons bizarros, mais os vocais tenebrosos de Nei, acho que já da para rotular um pouco o que a RPS faz: punk psicodélico. O barulhento e agradável show foi finalera da noite, mas o gostinho de “quero mais”, permaneceu até a saída de todos os presentes com aquela sensação de dever cumprido. Wrock e até o próximo Grito Rock BC!

Liverpool: Capital Européia da Cultural em 2008

janeiro 7, 2008

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Liverpool 1958: George, John e Paul se encontram para o rock

Essa notícia da Folha de São Paulo, sobre a cidade britânica de Liverpool me chamou muito a atenção. Em 2008, vários eventos culturais farão da cidade dos fab four, capital européia da cultura. Até shows de Paul McCartney e Ringo Starr, esquentarão os dias perto das docas do Rio Mersey.

A notícia chama mais ainda a atenção, pois estou lendo a biografia dos Beatles escrita por Bob Spitz e lançada recentemente. Estou bem no início do livro de 975 páginas que conta a história da maior e mais influente banda de rock and roll de todos os tempos, Os Beatles.

Desde os anos 1960, Liverpool chama a atenção, principalmente pela sua fama com os Beatles, mas lendo os primeiros capitulos do livro, não fica difícil de entender porquê Liverpool é um lugar que respira cultura. Assim como outras cidades da Europa, em 1957, quando Paul McCartney conheceu John Lennon naquela quermesse de uma igreja, Liverpool tornou sua história de Estiva e de imigrantes pobres da Irlanda, em cultura. Lennon veio de uma escola de artes e em plena virada dos 50´s para os 60´s, o rock and roll foi a mola propulsora da cultura britânica que não se restringia apenas aos salões de dança ou inferninhos como o Casbah e o Cavern.

Hoje, mais de 50 anos depois, Liverpool é uma cidade britânica que desenvolveu um estilo único na cultura. Seja nas artes plásticas ou na música via Beatles, seu maior patrimônio cultural.

Itajaí também tem muita cultura

Assim como Liverpool, Santa Catarina tem sua cidade com grandes eventos culturais. Trabalho em Itajaí e acompanho na cidade, suas semelhanças com a capital da cultura européia de 2008. Itajaí também tem um porto e a cidade é formada por pessoas trabalhadoras, a maioria com relação ao setor portuário. Itajaí preserva seus ares de um passado de origem portuguesa com casarões bem preservados. Alguns destes casarões se tornaram lugares de cultura como a própria Casa da Cultura e o Mercado Público Municipal. Itajaí tem reconhecimento, embora tímido, em nível estadual, porém faz muito mais do que muita cidade. As vezes até supera a capital em atividades culturais. Tomo como exemplo,  grandes eventos na cidade o Festival de Música de Itajaí, Festival de Teatro, Cidade Revelada e outras atividades.

Bem, na minha opinião, o que falta para Itajaí é algum fenômeno cultural massante, como aconteceu em Liverpool com os Beatles. Quem será que se habilita?

Rock SC vive um bom momento até quando?

janeiro 7, 2008

Desde que eu comecei a escrever aqui no blog Mundo47, percebi claramente que o Rock Catarina, que milito há 11 anos, vive mais uma vez um bom momento. Desde 2000, com a aparição da Pipodélica e outras bandas Catarinas, sempre tive esperanças daquele “Agora Vai”, como diria o título do segundo EP dos Jerusos, porém o “Agora Vai” nunca acontecia.

Tivemos bons momentos via Pipodélica, isso é verdade. Entre 2002 e 2004, a banda era a grande vedete da cena independente catarina. Gravando bons discos e tocando em terras paulistas e paranaenses, os guris de família pareciam viver, o que eu como jornalista musical, sempre sonhei: uma banda catarinense realmente sendo reconhecida. E isso aconteceu de certa forma, porém o mundo independente chega a ser incrédulo e ingrato. O Pipodélica continuou a fazer o que sempre deu vontade, porém as oportunidades via Sudeste não apareceram como deviam. Os guris de família resolveram viver a vida e tocar esporadicamente, gravando EPs maravilhosos e agora recentemente, produzindo um trabalho novo total, mas não com aquele gás daqueles anos.

Outras bandas seguem na mesma linha de pensamento. Além da Pipodélica, podemos destacar o grande trabalho dos blumenauenses do Stuart. Kaly Moura, cérebro de toda a banda, fez um belo início de carreira por SC. Agora a banda está em São Paulo maquinando a cena, mas sempre enfatizando suas origens 47. O reconhecimento em SP ainda é tímido, a banda goza de bons elogios de críticos, mas não alcançou ainda a grande mídia, televisiva principalmente. Em 2008 eles vem com um novo trabalho, que substitui o excelente “Honestidade Não Enche a Barriga”.

O Reino Fungi é outra banda catarina que busca reconhecimento em terras paulistas. Tiveram êxito nas comemorações de 40 anos da Jovem Guarda, quando a gurizada tocou com quase todos os históricos daquela época, porém, os Fungis precisam de algo que não lhe remetessem apenas ao passado, precisavam e precisam de reconhecimento pelo que fazem de autoral, que é muito bom por sinal. Talvez 2008 seja um ano importante para novos rumos na carreira dos Fungis.

Quando vejo as coisas acontecendo, como Clube da Luta, Planeta Atlântida, fextênhas rock bacanas, logo lembro diretamente de Florianópolis. Mas não podemos ficar apenas ligados no que acontece lá. SC tem 293 municípios e você leitor, pode ter certeza que coisas muita coisa acontece neles. Nem todos, mas destacar o importante trabalho do Curupira Rock Clube, de Guaramirim, é não ignorar outro verdadeiro movimento rock and roll no Estado. Se tu perguntar para algum integrante de banda de SP, RS, RJ, sobre rock em SC, eles lembram logo de cara do Curupira. A meca rock and roll de SC, que ficou tempos apagado, mas voltou com tudo em 2007, como bem lembrou o Rubens Herbst, do AN. Muitos shows aconteceram naquele lugar levando em sua grande maioria, bandas que não transitam nas casas de rock da capital. O Kelson da Fly-X é um dos guris que coloca aquele lugar no seu devido “lugar”. Incansável e competente.

Em Blumenau, várias bandas são reveladas nas incríveis festas “roque” do pessoal da Barba Ruiva Produções Artísticas. Esse pessoal, na verdade uma gurizada muito gente boa, dá show em muito marmanjo na hora de fazer festas rock. Barba Ruiva agitou verdadeiramente os blumenauenses que estavam parados no rock. O mesmo vale para a turma do Válvula Rock, de Balneário Camboriú, que em 2007 fez acontecer o rock nesta região com os festivais da revista Válvula Rock. Promovendo bandas locais e trazendo figuras do independente nacional como Matanza e Walverdes. Ainda em Balneário Camboriú, os Lenzi Brothers mantiveram de 2006 até meados de 2007, o importante “Lenzi Brothers Convida”, festa que contava com a banda da família Lenzi e mais uma convidada especial. Infelizmente, graças a imbecilidade dos bares rock de Balneário Camboriú, o projeto morreu, mas eu tenho fé que ele volte em 2008. Balneário Camboriú ainda é Meca para os aficionados pelo Hard Core. Corriqueiramente a turma que agita neste estilo, organiza festivais e trazem grande público para suas festas.

Partindo daqui do litoral, vou para o Oeste Catarinense. A região, ultramente distante do litoral, onde quase tudo acontece, fez de lá sua própria cena. O vocalista da banda Repolho, Roberto Panarotto, em seu blog Agito com Balalau, mostra o que é de importante acontecendo por lá. Várias bandas surgiram em Chapecó e região e o grande destaque vai para os Variantes, o trio de malucos fez o melhor show que eu vi em 2008, até agora. Além deles, RedTomatoes, que estão tentando a vida na capital Paranaense. Chapecó também é ponto de parada para grandes artistas independentes como o Graforréia Xilarmônica, Júpiter Maçã e Cachorro Grande, que nem passam pelo litoral Catarina em suas turnês, vão diretamente para Chapecó.

Por isso e tantas outras, que eu digo que posso ter certeza que em Santa Catarina, vários lugares e cidades tem rock and roll. O texto está se estendendo muito, queria citar mais coisas aqui como em Rio do Sul, o Tschumistock que é tradição e bandas como Liss e Dramaphones , filhos crescidos a partir deste importante festival. A cidade de Brusque com as meninas do Roxanne, o Psicodália, em São Domingos, no Sul, que é organizado por um pessoal do Paraná, mas que escolheram nosso estado para sediar o festival, enfim, o mundo não gira somente num lugar, gira por todos os lados. Floripa, Balneário, Itajaí, Joinville, Guaramirim, Jaraguá do Sul, Rio do Sul, Blumenau, Timbó, Lages, Chapecó, São Domingos, Brusque, Itapema, o rock Catarina está por todos os cantos. É só você se ligar…

Variantes – Open Bar- BC – 031\2008

janeiro 5, 2008

Os chapecoenses do Variantes tocaram ontem no Open Bar, em Balneário Camboriú. Eu quase não ia, mas a promessa de um CD do André Baga me fez ir até a frente do Open. Lá encontro meu sempre amigo e parceiro de The Colors, Fábio Couto e o mesmo propõe uma noite de rock e cervejas belgas. Demos um rolê para trocar idéias e bem no início do show do Variantes, entramos no Open. Lugar socado, ar condicionado não dando conta, porém os chapecoenses iniciaram o show vibrante e muito bem executado pelo power trio do oeste.

Mesclando um repertório de músicas próprias e alguns covers clássicos, os músicos foram ganhando a platéia. A influência clara no som do Variantes com os britânicos do The Who, é tônica básica para o show. Não é imitação, mas não deixamos de lembrar de Pete Townshed na figura do guitarrista. O cara arrasa e com uma técnica de tocar guitarra que lhe parece sua, exclusiva, em certos momentos o homem ganhava a atenção para solos e riffs para lá de vibrantes. André Baga, o baterista, clone do nosso amigo Nei da banda Rockpictureshow, também tem técnica única e com velocidade e precisão, não lembra um Keith Moon, porém consegue ter seu próprio estilo. Como showman da frente, o vocalista e baixista tem gogó para dar e vender, coisa única. Posso afirmar categóricamente que o Variantes é uma das grandes bandas de SC e tem um dos shows mais vibrantes, impossível de ficar parado.

No line up coverístico, típico para um casa como o Open, que tem tradição em trazer bandas de próprios, mas faz com que a turma toque uns covers para entreter mais a galera, o Variantes foi extremamente competente. De Bob Dylan (fase ao vivo em 1966  com a The Band), The Kinks, The Who e chegando a um duo entre baixo e batera com música dos Monkees (participação de Batata também), o Variantes encerra a noite com improvisação instrumental em cima de uma música do seu excelente disco. Onde quer que eles estejam, se você leitor estiver também, vale a pena conferir uma apresentação dessa gurizada do Oeste.

Os melhores do rock catarina em 2007

janeiro 2, 2008

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Maltines: jornalistas apontaram a banda como melhor de 2007

O jornalista Marcos Espindola, do Diário Catarinense, fez uma seleção de jornalistas catarinenses para fazer a famigerada listinha dos melhores do rock de SC em 2007 e as promessas para 2008. O Mundo47 foi convidado e se juntou ao próprio Marquinhos, Dorva Resende (DC), Rubens Herbst (AN), Antônio Rossa (Transitóriamente) e Luciano Vitor (Dynamite).

Na minha opinião as listinhas ficaram bem Floripa, pois a maioria dos jornalistas ou atua lá ou tem forte influência na região. Eu mesmo selecionei três bandas da capital na listinha, mas acredito que este quadro mude radicalmente em 2008, pois temos fortes expectativas com os álbuns do Stuart (Blumenau), Lenzi Brothers (Lages/BC) e Variantes (Chapecó), além claro de outros lançamentos da capital e também de outras regiões do Estado. Como disse o Marquinhos em seu blog e na Contracapa do DC, a Maltines foi destaque de quatro, dos seis jornalistas votantes. A banda mesmo arrasou em 2007 com shows fantásticos. Tive a oportunidade de ver alguns e achei que Ligia Estriga é a melhor frontwoman do Estado. Meiga, carinhosa e simpática, sem excessos, Ligia conduz a macharada com maestria e poesia. Mereceu o trono de grande revelação.

Eu agradeço muito ao Rubens Herbst, do AN, por ter mencionado o Blog Mundo47 na sua listinha dos melhores do ano. Foi a partir de uma reportagem do próprio AN, do Rodrigo Schuwarz, que este espaço ficou conhecido na grande mídia impressa do Estado, esta sim, que sempre deu apoio aos independentes. Estamos todos nós de parabéns e vamos trabalhar para informar ao nosso leitor, durante todo o ano de 2008, sobre as notícias mais quentes deste ano. Podem ter toda a certeza. 

Marcos Espíndola (Contracapa)

* Aerocirco _ Liquidificador (Floripa)
* Unfactory _ Unfactory EP (Floripa)
* Rodrigo Daca _ Vol 1(Floripa)
* Kratera _ Boca de Lobo (Floripa)
* Maltines – Maltines EP (Floripa)

* Apostas para 2008: os novos discos do Pipodélica, Ambervisions, Old Machine, Clube da Luta, os 30 anos do Burn e TIM Festival em Floripa (tá bom, isso é delírio _ será?)

* Aposta do Lama Tosh para 2014: Mekron no Rock In Rio

Dorva Rezende (editor de Variedades do DC)

* A volta do Curupira Rock Club (Guaramirim)
* O Jean Mafra (Samambaia Sound Club) rebolando no show do Aerocirco no TAC (entra como nota hilária de 2007)
* O Clube da Luta atravessando fronteiras
* A belezura da Ligia Estriga no palco dos Maltines
* Kratera _ Boca de Lobo

Apostas para 2008: Pipodélica (Floripa) e Liss (Rio do Sul)

Rubens Herbst (jornal A Notícia)

* A volta, com tudo, do Curupira Rock Club
* Kratera _ Boca de Lobo
* Aercocirco _ Liqüidificador (disco e show)
* Rodrigo Daca _ Vol 1
* A chegada de um ótimo canal virtual para o rock catarinense, o site Mundo 47 (www.mundo47.wordpress.com)

Aposta para 2008: Os discos de ótimas bandas joinvilenses (Old Machine, Fevereiro da Silva, Reino Fungi, Os Depira, Blasè), todos previstos para 2008.

Rafael Weiss (Blog Mundo 47)

* Incolores (Jaraguá do Sul)
* Rodrigo Daca _ Vol 1
* Maltines
* Rockpictureshow (Balneário Camboriú)
* Verano (Florianópolis)

Apostas para 2008: Variantes (Chapecó), que gravou um excelente álbum, o lançamento dos novos discos das principais bandas independentes do Estado e os festivais que se consolidam em Santa Catarina (Tschumistock e Psicodália).

Luciano Vitor (Revista Dynamite)

* Unfactory
* Maltines
* The Royal Ass Shakers (Floripa). Mesmo sem ter lançado nenhum trabalho, a banda de Marco Butcher, Rafael e Calvin, mandou muito bem esse ano!
* Old Machine (Joinville)
* A Besta (Floripa)
Apostas para 2008: Maltines

Antonio Rossa (produtor e organizador do Blog Transitoriamente)

* Rodrigo Daca _ Vol 1
* Aerocirco _ Liqüidificador
* Da Caverna (Floripa) _ Rolando Pedras
* Odes&Sodas (Floripa) _ Odes&Sodas
* Kratera _ Boca de Lobo

Apostas para 2008: Reverberia (www.myspace.com/reverberia), de Florianópolis

Leia o Blog do Marquinhos

Leia a Contracapa

Expresso Rural conquista platéia em Itajaí

novembro 8, 2007

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A quarta apresentação do Expresso Rural, desde a sua volta em outubro, se deu na noite de ontem em Itajaí. A noite o clima era de expectativa na entrada do Teatro Municipal de Itajaí. Os reencontros básicos aconteciam e muitas pessoas chegavam em busca de ingressos, mas nada era possível fazer, eles já não estavam mais para a venda. O show foi praticamente o mesmo que eu assisti no Teatro do CIC, em Florianópolis há um mês atrás. A banda abre o show com um vídeo no telão que mostra uma colagem de diversas imagens históricas da banda ao som de “Revoada”. Luzes acessas e a banda aparece para a audiência tocando “Sol de Sonrisal”, todos vão ao delírio, afinal, é o Expresso Rural no palco em Itajaí, depois de tanto tempo.

Menos emocionados do que no dia 03 de outubro, afinal ontem foi a quarta apresentação desde a volta, a banda não escondia no rosto a alegria de ver outra grande platéia em sintonia com o palco. O som e a iluminação estavam perfeitos, melhor do que o show do CIC em outubro e abanda pôde mostrar para os itajaienses, o seu trabalho de 25 anos de história. As músicas que marcaram gerações dos discos “Nas Manhãs do Sul do Mundo” (1983); “Certos Amigos” (1985); “Ímpar” (1988) e o derradeiro disco “Romance em Casablanca” (1993), foram todas executadas na apresentação, não deixando ninguém decepcionado.

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No palco, Volnei Varaschin, Zeca Petry, Daniel Lucena e Paulo Back, acompanhados de Ricardo Malagoli na bateria e Tayrone Mandelli na flauta e saxofone, emocionaram a platéia ao tocar “Nas Manhãs do Sul do Mundo” e “Certos Amigos”, quando homenageiam o pianista Márcio Correia, integrante original da banda falecido em 2006. Parecia que ninguém queria ir embora sem antes ouvir a clássica “Flodoardo”, música censurada no disco de 1983, mas que se popularizou depois em outras edições dos discos da banda. Itajaí foi mais uma etapa da importante volta do Expresso Rural para a música catarinense. As próximas datas estão sendo marcadas para o Sul do Estado e de acordo com Varaschin, todos os discos do Expresso serão relançados em CD remasterizados, ainda este ano.

Texto: Rafael Weiss – SC/02094-JP

Fotos imagem desta matéria: João Souza

Veja “Certos Amigos” ao vivo em Itajaí

A Viagem alucinante de Odair José

outubro 9, 2007

Odair José – 08/10/2007 – Brusque-SC

Fenarreco – Festa Nacional do Marreco  

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A trip maluca do Mundo47 esteve com o mito

Nesta época do ano aqui em Santa Catarina, acontecem diversas festas de tradição alemã. A Oktoberfest de Blumenau é a que atrai o maior público e outras 12 festas de todo Vale do Itajaí disputam os turistas no tapa. Para atrair todo o tipo de gente, algumas festas perderam a característica alemã e iniciaram trazendo alguns artistas de renome nacional. Este ano, no cast da Fenarreco – Festa Nacional do Marreco Recheado – na cidade de Brusque, 26 km de Itajaí, um artista chamou a atenção. Odair José, o rei das empregadas domésticas e ícone pop dos anos 70, estava escalado para tocar na segunda-feira, 08.  

Uma semana atrás eu já estava empolgado com a idéia de, pela primeira vez, assistir a uma apresentação dessa lenda viva da música pop brasileira. Na quarta-feira, depois do show do Expresso Rural em Florianópolis, liguei para o Eduardo Xuxu da Pipodélica. “Cara, segunda-feira eu vou no show do Odair José, faz um cdzinho com A Viagem que eu quero entregar na mão do cara”, comentei. Xuxu me entregou o CD e fiquei com ele na frente do meu PC no trabalho até hoje, quando o Felipe Damo (companheiro clássico para shows), me disse que o show iria começar 18 horas e o dia na Fenarreco era da 3ª Idade. Beleza, com a benção da chefa, lá pelas 17 horas me joguei para a Monday trip com meu colega Felipe.

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Odair destilou seus clássicos em Brusque

Chegando na Fenarreco, pouquíssimas pessoas no parque e lá dentro do pavilhão, os primeiros acordes do show do Odair já estavam começando. Subimos rapidamente a escadaria e nos deparamos com 300 cadeiras, daquelas brancas de piscina e vários velhinhos batendo palmas. Odair estava entrando no palco. Com aquela cara de sempre, sorrindo, ele pega o violão e inicia o seu set list recheado de hits. O meu sorriso foi de orelha a orelha, afinal, eu sabia grande parte das letras e ver o cara assim, de perto, me deixou muito empolgado. A câmera do meu celular é muito tosca, mas foi possível capturar algumas imagens interessantes. Enquanto os idosos iam se empolgando com os clássicos, eu e o Felipe ficamos na beirada do palco, do lado direito, apenas observando incrédulos o mito em cima do palco.  

Éramos com certeza os mais jovens dentre os presentes. Lá no fundo aparecem duas gatinhas, mas dava pra sacar que eram companhias das vovós e dos vovôs que estavam sentadinhos lá. Em “Eu Vou Tirar Você Deste Lugar”, o coro foi uníssono e fui obrigado a ligar para um amigo que deveria ter ido junto. “Ouve isso cara!”, bem na hora do refrão. Lá pelas tantas, uma senhora se aproxima da gente e pergunta se ele não vai tocar aquela “No hospital, na sala de cirurgia”, bem, fomos educados, mas acredito que a senhorinha ficou desapontada em saber que o velho Oda não é o mesmo cara que toca aquela lá, mas tudo bem, no final já estávamos sendo confundidos com seguranças (?) de Odair José.

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Público formado por idosos não

se importou com barulheira e não

arredou o pé.

  

Sinceramente eu não esperava tanto. Musicalmente no palco ele é rock and roll. Sim, o show pros velhinhos foi rock and roll e Odair é acompanhado de uma excelente banda. Todos muito guris, novinhos e usando All Star. A banda com baixo, guitarra e teclado estilo Laffayette, foi o diferencial para que Odair fizesse um excelente show. No final ele emendou “Pilula” com “Cadê Você”. Depois de uma despedida atrapalhada (ele desejou Feliz Natal para todos), com o violão erguido, Odair deu seu tchau para o público brusquense, na certeza de algum dia voltar.

  

Odair José: o encontro

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O mito recebendo sua cópia de “A Viagem”

Com o final do show eu fui em direção aos camarins. Eu, o Felipe e mais 15 fãs quase que ensandecidos. Na porta o segurança. Primo-irmão de Mark David Chapman, assassino de John Lennon, o segurança ordenava a entrada dos fãs. Valia tudo para tirar uma foto com o ídolo. Enquanto eu e o Felipe estávamos esperando, víamos o furor que Odair ainda leva para os quatro cantos do Brasil, só faltava mesmo uma fã histérica. Uma a uma, Odair recebeu todos que foram até o camarim.  

Chegou a nossa vez. Ele nos recebe sorrindo e logo de cara eu fui apresentando a dupla. “Somos jornalistas de Itajaí”, falei. O Felipe completa. “Somos jornalistas e fãs do teu trabalho pô”. Depois das fotos tradicionais, conversamos rapidamente. Com um CD em mãos, expliquei e entreguei para Odair uma gravação da música “A Viagem”, gravada pela banda Pipodélica, de Florianópolis. Na hora o músico disse: “Essa música deveria ter entrado no CD tributo”, lamentou, porém, Odair não tinha ouvido ainda a canção gravada pelos pipodélicos. “Eu estava na casa do Zeca Baleiro esses dias e comentei com ele que os caras deveriam ter colocado “A Viagem” no CD, uma pena”, completou. Odair confessa que pouco ouviu do disco e disse que gente como Tom Zé ficou de fora. “Até o Tom Zé não entrou cara”, diz.  

A fila ainda rolava e alguém nos avisou que era hora de ir, o homem tinha outros fãs a atender. Nos despedimos com um aperto de mão e mais uma foto, desta vez segurando o CD da Pipodélica. Com a sensação do dever cumprido, retornei para Balneário Camboriú antes das 21 horas. “A Viagem” foi curta, mas a piração foi longa e concluímos que Odair José é o cara.

Saiba mais: 

Fotos: Rafael Weiss e Felipe Damo

Leia o texto do Felipe: http://felipedamo.wordpress.com

Assista:

Além de assistir um show do Odair José, esta matéria tinha uma missão. Entregar para o próprio, uma cópia em CD da música “A Viagem”, gravada para que entrasse no CD Tributo em homenagem a Odair José pela Alegro Discos. Como a música não entrou e eu achei a versão da Pipodélica muito boa, decidi entregar em mãos. Neste link do You Tube (abaixo) a banda colocou as duas versões para “A Viagem”. Primeiramente é possível ouvir a original, gravada nos anos 70 e logo em seguida, no mesmo vídeo, você poderá ouvir a versão dos Pipodélicos. Tire sua própria conclusão.

Grupo Expresso Rural – 03/10/2007 – CIC/Florianópolis

outubro 5, 2007

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Integrantes originais fizeram show histórico no CIC

Estive na quarta-feira em Florianópolis para assistir a primeira apresentação do grupo Expresso Rural em 15 anos. O show que era para ser único, já tem novas datas agendadas. Dia 04 em Lages, dia 2á tem novas datas agendadas. Dia 04 em Lages, dia 25 volta para o CIC na capital e dia 06 de novembro, ainda não confirmado, um show no Teatro de Itajaí.  

Bom, mas a noite mesmo era de emoção e reencontro. Cheguei cedo. Peguei meu convite e fiquei na porta do CIC observando a movimentação dos 960 felizardos que lotaram o teatro. Sozinho num canto, vi gente de meia idade, entre 40 e 50 anos, chegando no teatro e se emocionando ao reencontrar amigos que em épocas áureas do Expresso, agitavam a cena musical catarinense. Alguns encontros eram básicos, gente que mora na mesma cidade e se vê de vez em quando, porém haviam encontros de décadas, gente que se emocionava antes mesmo de subir a rampa para o teatro. Ali eu já imaginei que a coisa seria boa na frente do palco.  Subi e da poltrona 32 na fila 14, portanto na fileira do meio, testemunhei a volta honrosa e emocionante de Daniel Lucena, Volnei Varaschin, Paulo Back e Zeca Petry. As luzes se apagam e a platéia em delírio assiste a um vídeo projetado no fundo do palco. Eram imagens antigas da banda ao som de “Revoada”. Com o vídeo finalizado é a vez da banda dedilhar “Sol de Sonrisal”, deixando o público ainda anestesiado, praticamente não acreditando que a turma do Expresso Rural estava no palco, depois de tanto tempo.

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Já na terceira música, os integrantes originais da banda, não agüentavam tanta emoção. O choro copioso era normal e a platéia também estava emocionada. Enfim, esse texto pode ser uma total babação de ovo, porém é muito válido ressaltar que, quem é do interior como eu, cresceu ouvindo no rádio e na telinha da RBSTV, as belas imagens campeanas dos clipes do Expresso, não há como negar, para mim, os anos 80 foram extremamente bucólicos e mesmo pequeno, eu percebia nos adultos que músicas do disco “Nas Manhãs do Sul do Mundo”, pareciam uma grande vacina para o sofrimento pós enchentes de 1983 e 84.  No período curto que a banda teve de relativo sucesso, o Expresso conseguiu produzir discos que trouxeram para a música pop catarinense, excelentes canções que se eternizaram. Das clássicas, “Rock Rural” levantou o público.

Outra canção clássica da banda, “Certos Amigos”, é muito interpretada por corais e músicos de SC e com ela o primeiro momento de extrema emoção. Com “Certos Amigos” o guitarrista Zeca Petry simplesmente para de tocar, tamanha a emoção. O público ajudou muito nesta emoção, pois o que vi na quarta-feira no teatro do CIC, foi importante para a música pop do Estado, afinal, os tiozinhos do Expresso são percussores dessa porra toda aqui em SC.  

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A execução de clássicos se estendeu até “Nas Manhãs do Sul do Mundo”, faixa título do disco de 1983 e a surpresa ficou por conta de Marcos Ghiorzi, baterista original da banda e que não estava programado a sua chegada. Com aquela cara de que acabou de sair do avião, Marcos assumiu as baquetas ainda que enferrujado, porém esquecer de tantos anos de boas músicas não é fácil. Com Ghiorzi nas baquetas a banda estava quase completa. Quase, a banda repetiu “Certos Amigos” e homenageou o pianista Márcio Corrêa, outro integrante original do Expresso, mas que faleceu em 2006. Com a imagem de Márcio no telão e com uma iluminação especial no teclado solitário que estava lá desde o início do show, mas que não foi tocado uma hora sequer, a banda tocou “Certos Amigos” e dedicou para o  colega. A emoção contagiante da banda pegou o público de surpresa.

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 Eu já vi vários shows bons de artistas de renome, entretanto eu jamais tinha visto uma platéia tão envolvida com cinco caras da região serrana que faziam música, música boa. Empolgados e ainda emocionados, tocaram novamente “Som de Sonrisal” e “Rock Rural”. O show foi finalizado com “Frodoardo”, música censurada do disco de 1983, por falar de um sapinho safado que só fumava maconha.   

Fotos gentilmente captadas do Orkut do Paulo Back