De dieta, sem morcegos e batendo umazinha antes do show
Por Klauss Peter Loos*
Sábado, 05 de abril, nos dirigimos até São Paulo para assistir a apresentação do lendário Ozzy Osbourne, um ícone do heavy metal e do puro rock’n roll! O que dizer desse senhor de 59 anos, que foi o líder de uma das bandas seminais – Black Sabbat – da história do rock e um dos pais do estilo mais pesado, o Heavy Metal? Muitas pessoas, depois da série de TV The Osbournes, achavam que o velho mestre estava acabado, detonado, em fim de carreira. Mas, para quem é fã de verdade e acompanha as movimentações do estilo, sabia que seria um show histórico, e assim o foi.
O estádio do Palmeiras é aconchegante, mas para esse tipo de evento é pequeno, pois muita gente ficou de fora, e 40 mil pessoas é pouco para a grandeza do espetáculo. Às 20 horas, subiu ao palco a banda Black Label Society, do guitarrista da própria banda do Ozzy, o endiabrado Zakk Wylde, que conta com o maior respeito da galera do metal, pois seu estilo único de tocar deixa todos babando pelos seus solos. Foi uma curta apresentação pois ele devia se poupar para o show do Mestre que viria depois, fechando a grande noite.
Zakk tocou até os dedos esfolarem
Antes de Ozzy subir ao palco, apresentou-se a banda norte-americana Korn, que faz um som estranho, de difícil definição, pois usa muitos samplers, barulhos esquisitos, vocais que, às vezes, lembram musicas de rap e, em certas partes, a guitarra usa afinação bem baixa para dar um groove às musicas.
Ao final das apresentações, um clima de ansiedade caiu sobre o estádio que, durante longos minutos, esperou apreensivo pela entrada da estrela da noite. Antes de subir ao palco, Ozzy provocou o público dos bastidores ao gritar no microfone a melodia “Olê Olê Olê”, que foi respondida prontamente pela platéia “Ozzy! Ozzy!”. Foi neste clima que o show começou, com um vídeo hilário, satirizando algumas séries e filmes como “Lost”, “A Família Soprano” e “A Rainha”, onde o músico incorporava alguns dos papéis principais.
Por volta das 22:30 horas, a ópera Carmina Burana dava a senha para o início do show, e o cantor britânico entrou detonando “I Don’t Wanna Stop” do seu novo álbum Black Rain. O cantor mostrou vigor no palco, cantou afinado, agitou muito e conseguiu dar conta do recado. Interagindo com a o público o tempo todo, ele fez questão de distribuir vários baldes d’água para os fãs que estavam mais próximos do palco. O Show teve tudo o que podemos esperar de uma bela noite de Heavy Metal. Público alucinado, bandas tocando sem parar, guitarristas empolgados em solos e uma dose de insanidade do guitarrista Zakk Wylde, que cortou a mão durante o último show e continuou a tocar até o final, tingindo sua guitarra de vermelho, mas sem deixar o som parar.
Músicas de todas as fases de sua carreira estiveram presentes, com destaque para “War Pigs”, “Iron man” e “Paranoid” de sua antiga (e às vezes atual) banda BLACK SABBATH. Após clássicos como “No More Tears”, “Mr Crowley”, “Mama, I’m Coming Home”, “Crazy Train”, “Suicide Solution”, “Bark at the Moon” e outros, o cantor deixou o palco, apesar do público implorar por mais e mais músicas, cantando em uníssono “One More Song, One More Song”.
Ao final da apresentação, senti minha alma purificada algumas dores no corpo e lágrimas a menos. Afinal, não é sempre que se vai a um show de puro rock. Fico com a sensação de dever cumprido, pois uma possível volta do Ozzy para uma nova apresentação é ainda uma incógnita, pois nunca se sabe o que ele poderá aprontar nos próximos anos! O que seria uma pena para os fãs do rock clássico, que estão vendo seus ídolos sumindo aos poucos e sendo substituídos por astros artificiais criados simplesmente pela mídia.
* Klaus é autor de vários textos com resenhas dos melhores shows de heavy metal