Bruce comandando a nação de fãs do Maiden no Paraná
Nosso colaborador para assuntos de heavy metal, Klaus Peter Loos, esteve em Curitiba na última terça-feira para o show do Iron Maiden. Confira o relato da testemunha da passagem dos passageiros do Iron Maiden Force One por Curitiba. As fotos são de Makila Crowley.
Fantástico, maravilhoso, fenomenal, incrível, etc, etc…, qualquer adjetivo pode ser usado, sem modéstia, para o que aconteceu em Curitiba na terça feira 04/03/08!
A expectativa pelo show da donzela era enorme, pois a turnê nada mais era do que uma volta ao passado, uma volta ao mítico tempo de Powerslave, que entre 1984/85 se transformou no maior show da Terra, produzindo o melhor disco ao vivo da história, o fenomenal “Live after death”, retirado da famosa turnê World Slavery Tour!!
Foi como entrar no túnel do tempo em grande celebração, como poderíamos dizer, pois a devoção do público, cerca de 25 mil pessoas, era tamanha, que todos pareciam estar dentro de um culto, um culto ao mais poderoso heavy metal já produzido, já que para mim, metal é uma religião, que não te cobra nada, só te traz felicidade! O local do show totalmente espetacular, a pedreira Paulo Leminski é um lugar fantástico, a acústica é excelente e toda a infra-estrutura para um espetáculo desse porte foi muito bem distribuída.
Uma fila de 2 km, que quase dava a volta no parque, mostrava o tamanho do que viria a seguir, pois até o céu, completamente estrelado dava ares poéticos e épicos ao show! Bem, todos na expectativa, e pontualmente às 20 horas, Lauren Harris, a filha do baixista Steve Harris, do Iron Maiden, subiu ao palco para abrir os trabalhos. Seu som é diferente, numa mescla de hard rock com um vocal mais pop. A banda tocou por mais ou menos 25 minutos, ela não empolgou, pois tocar antes da Donzela não é mole, a ansiedade era demais!
Com pontualidade britânica como deve ser, às 21 horas, as luzes se apagaram e a música “Doctor Doctor” da banda Ufo começou a tocar nos PAs, era a deixa para o telão mostrar o avião próprio da turnê, o Eddie Force nº1, pousando no aeroporto, daí, foi a catarse, Winston Churchill, narrava a intro, e “Aces High” entrava alta e clara nos nossos ouvidos, o palco se iluminava e podíamos ver um templo egípcio maravilhoso, com detalhes mil, e podemos voltar ao primeiro Rock in Rio, onde com esse mesmo palco, o Maiden tocou para 300 mil pessoas, o recorde da banda.
A banda é fantástica, Bruce Dickinson estava a mil, sua voz estava vigorosa como sempre, pulando de um lado para o outro levantando o público! Steve Harris, o melhor baixista do mundo, bangueava freneticamente sentindo toda a resposta do público e o que falar dos guitarristas Adrian Smith, Dave Murray e Janick Gers? Perfeitos, virtuosos, pesados, carismáticos, enfim, poderosos! E o batera Nicko Mcbrain? Esse é de uma precisão milimétrica, além de ser uma figura muito engraçada!
Mar de camisas pretas invadiu a Pedreira Paulo Leminski
A seguir, veio “Two Minutes to Midnight”, com seu riff de guitarra cortante e seu refrão em que todos cantaram vigorosamente!! “Revelations”, do álbum “Piece of Mind” entrou super pesada, mostrando o poder de se ter três guitarras ao mesmo tempo. As imagens do fundo do palco mudavam constantemente, e quando Bruce colocou uma jaqueta vermelha de guerra para chamar “The Trooper”, desfraldou a bandeira britânica!
A seguir, um dos momentos mais emocionantes da noite quando “Wasted Years” começou, notava-se a emoção dos músicos, pois essa música fala especialmente da vida na estrada, e ela é fantástica, com destaque para Adrian Smith, que solou com muito feeling!Uma voz grave começa a ser entoada, era a entrada triunfante de “The Number Of The Beast”, com destaque para Murray com suas caras e bocas durante os solos!
A primeira faixa de “Seventh Son” foi “Can I play with madness”, extremamente bem recebida pela galera, e até aí, o show já era histórico, mas se tornaria ainda maior com a próxima música, a fenomenal “Rime of the Ancient Mariner” do “Powerslave”. Bruce Dickinson apareceu no fundo do palco com uma capa preta, sempre interpretando as letras, frente a um pano de fundo específico para “Rime…”, que fez do palco um navio.
Este épico de 13 minutos, com uma das melhores letras, muitas variações e algumas das linhas instrumentais mais memoráveis da banda, fizeram todos acompanharem com celulares e isqueiros a parte lenta da música. A musica “Powerslave”, minha preferida, trouxe um Bruce mascarado ao palco, exatamente como fez há 23 anos, nela, a letra é totalmente uma aula de história, falando a respeito da saga dos faraós que viveriam eternamente após a morte, suas dúvidas e angústias, e o que falar do solo duelado das guitarras?
Um espetáculo à parte!! Nessa hora, nós, que éramos sortudos de ver a banda ao vivo, podemos acompanhar outros mais sortudos ainda. Eram roadies e pessoas premiadas em promoções de rádios que subiram ao palco para, junto à banda, fazer o tradicional coro ÔÔÔ… ÔÔÔ… em “Heaven Can Wait”. Daí, veio “Run To The Hills”, com seu riff galopante, foi cantada tão alto pelo público que pouco se conseguiu ouvir da voz de Dickinson, mesmo estando em frente ao palco. Como uma espécie de bônus, já que essa música não faz parte da temática dessa turnê, veio “Fear of the Dark”, que todo mundo cantou junto! Chegando a hora de terminar o set, veio a única música da fase do primeiro vocalista Paul Dianno, a clássica “Iron Maiden”, que geralmente fecha o espetáculo. Então, era hora do monstro, o mascote Eddie, brincar. Eddie entrou no palco, para delírio da multidão, com a mesma roupagem da turnê do“Somewhere In Time“, com sua forma ‘cyborg’ e com sua arma laser ele brincava com Dave Murray e Janick Gers , deixando todos maravilhados!Fim do primeiro ato.
Depois de uma breve pausa, com o fundo do palco trocado por um Eddie mais misterioso, surgiram os lampejos de um violão na intro de “Moonchild”, e depois mais uma do “Seventh Soon”, “The Clarvoyant”, que tem um refrão dos mais contagiantes! Por fim, veio a mega clássica “Hallowed Be Thy Name” que dispensa apresentações, encerrando de maneira espetacular uma noite inesquecível. Depois de 23 anos da turnê que trouxe o Iron ao primeiro Rock in Rio, é visível que a banda só melhorou, amadureceu e, com o passar dos anos, cresceu a olhos vistos.
Era o fim de um sonho, a expectativa foi totalmente superada e vai ficar na memória de todos os que estiveram presentes, até o fim de suas vidas. O dia 4 de março marcou história de Curitiba. Para os antigos fãs, foi possível relembrar os melhores momentos da Donzela em versões até melhores do que as de antigamente, enquanto os novos puderam saber qual é o peso do Iron Maiden num palco. Simplesmente histórico.
Assistir a um show do Maiden é uma experiência pela qual toda pessoa que gosta de rock deveria passar um dia, sem exageros. Só que isso é algo que talvez apenas quem já viu e vivenciou sabe bem o que é. E quem perdeu? Pois é, perdeu…E para encerrar, uma frase do Rei Roberto Carlos, que cabe direitinho aqui, “se chorei ou se sofri, o importante é que emoções eu vivi”!! Obrigado Iron Maiden. UP THE IRONS !!