O texto abaixo foi produzido por mim para o blog Minhoca na Cabeça, de Aldo Siebert, em Rio do Sul. Hoje tomei a liberdade de usar ele para a data referida, 14 de maio, data do aniversário de morte de uma das vozes mais lindas da música, mr. Francis Albert Sinatra.
Em Janeiro eu adquiri o livro “1001 Discos Para Ouvir Antes de Morrer”, uma compilação de textos de vários críticos de música do planeta, que elegem os 1001 melhores discos. Editado por Robert Dimery, este livro tem seu pontapé inicial em algo que os yankees consideram o ponto zero da música pop. Eu, roqueiro de mão cheia e fã dos Beatles, adquiri o livro pensando em rock. Mas folhear a primeira página, que fala sobre os discos, me deparo com uma foto preto e branca de Frank Sinatra. Na página par do livro, uma breve resenha de “In The Wee Small Hours”, lançado em 1955. Este é o primeiro disco listado no livro.
Devo confessar que a surpresa inicial foi rapidamente questionada pelos meus próprios pensamentos. “Afinal? Que diabos Sinatra está fazendo aqui? Se está aqui, teve algo a dizer”, pensei. Pois bem. Precisei de um pouco mais de um mês para tirar isso a limpo. Na minha volta para Balneário Camboriú, no início de março, tive a difícil tarefa de buscar no eMule os principais discos citados no livro. De cara Sinatra foi a primeira opção. Neste exato momento em que dedilho palavras neste terceiro parágrafo, já estou nos finalmentes na audição do disco. Uma obra prima para dizer a verdade e um dos mais belos discos gravados pelo sr. Blue Eyes. Já é quase 01h da manhã e ao som de “When Your Lover Has Gone”, já sei direitinho o que falar neste texto para minha estréia neste espaço.
Outro ponto que concluí neste texto, é que faltam 1000 discos citados no livro para eu ouvir. Uma coisa quero deixar bem claro. Quando faltarem apenas dois discos, vou tentar incluir mais 1001 discos, afinal, eu não quero morrer depois de ouvir isso não. No dia de hoje, Sinatra tem a ver comigo pelo seguinte motivo: desde que nascemos, eu em 1980 e Sinatra em 1915 (morreu em 1998), temos um profundo amor pela música e pelas belas melodias. Acho, não, tenho certeza que ao gravar “In the Wee Small Hours”, Frank estava se redimindo do tempo perdido que se vermos bem, não faz falta nenhuma.
Historicamente, no início dos anos 1950, Sinatra estava acabado – incapaz de conseguir um contrato com uma casa noturna, muito menos com uma gravadora. Graças a Alan Livingston, vice-presidente da Capitol Records e fã do blue eyes, Frank foi contratado por sete anos. No mesmo ano que foi contratado pela Capitol, a voz recebeu da academia de filmes de Hollywood, o Oscar pelo filme “A Um Passo da Eternidade”, o que comprovou o que Livingston previa: Sinatra não estava perdido, era uma estrela ainda com muito brilho.
“In The Wee Smll Hours” foi gravado sob forte emoção de Sinatra, que havia há muito pouco, terminado um romance com a atriz Ava Gardner. Esse rompimento pode ter ocasionado um dos melhores álbuns de todos os tempos e comprova uma teoria minha que para se fazer um grande disco, alguns compositores necessitam sofrer de amor. A capa do disco já denunciava que Frank estava eternizando sua verdadeira obra prima.
O álbum foi uma surpresa até mesmo para os vendedores de discos dos EUA. Na época estavam acostumados a colocar os discos da “voz” na prateleira de easy listening. Certamente esses caras nunca imaginariam ouvir Frank cantando confissões de bêbado de “Can´t We Be Friends”, muito menos suplicar como em “What is This Thing Called Love” de Cole Porter e “Mood Índigo” de Duke Ellington, músicas que nunca haviam soado tão melancólicas.