Eu e Wanderson: três dias de muito rock, loucuras e muito trabalho
Em novembro de 2001 eu estive mais uma vez participando de uma edição do Tschumistock, um dos maiores festivais de rock ao ar livre, que acontece desde 1995 em Rio do Sul, Alto Vale do Itajaí, em Santa Catarina. Minha relação com o festival vem da adolescência, dos tempos de colégio, onde com os amigos, participei ativamente do início do festival. Em 2001, faltava menos de um ano para minha formatura no curso de jornalismo.
Eu há havia passado pela experiência de trabalhar, dentro da universidade mesmo, em jornal experimental e na Rádio Univali, durante dois anos produzindo e apresentando o programa Pirão Catarina, mas confesso que durante todo o período de Univali, a profissão de repórter de TV não me atraía. Mas o mês de novembro chegava e com ele o Tschumistock daquele ano. Sabendo que iria me incomodar muito em 2002 para fazer um projeto legal para colar grau, coloquei um desafio para mim mesmo, de que eu poderia fazer um documentário sobre um dos festivais que eu mais conheço: o Tschumistock.
O primeiro passo foi convencer a professora Jane, lá do curso, que eu queria fazer o vídeo em Rio do Sul. Ela topou e me disse que seria orientadora. O segundo passo foi convencer o professor Wallace Lehmmann, então coordenador e o cara que construiu os moderníssimos estúdios da Univali para PP e Jornalismo, a me dar o equipamento totalmente digital em DVCam, uma novidade para a academia na época, para levar isso até Rio do Sul e durante alguns dias, produzir. Eu realmente não tinha muito tempo. O homem foi osso duro de roer, mas no final e graças à professora Jane, o equipamento moderno e novinho em folha foi liberado.
Papo de “Rafaéis”: Tschumi e eu conversando sobre o festival
O segundo passo foi formar uma pequena equipe para ajudar. O colega de curso e hoje jornalista Wanderson Werch foi o primeiro a topar fazer câmera para mim no festival. O segundo a aderir, que também ajudou na idéia de ir para Rio do Sul e filmar toda a loucura, o publicitário Alyson Darugna, se juntou na pequena equipe e juntos fomos para a cidade filmar todo o Tschumistock. Mas ainda faltava uma coisa. O que fazer lá? Filmar o que? Com qual foco, ideal? Bom, confesso que no princípio pensei naquela história toda de câmera no ombro, microfone na mão e vamos ver no que dá, mas pensei melhor e fazer algo mostrando a alma do festival e o que ele representa para organizadores, freqüentadores e até mesmo moradores da cidade ou próximidades, era muito melhor. Ainda no improviso e sem muita idéia, fomos alguns dias antes do início da festa. Inspirado totalmente no filme do Woodstock 1969, filmamos os preparativos lá no Sítio dos Tschumi e também fizemos alguns takes pela cidade de Rio do Sul, com depoimentos e opiniões de pessoas comuns, lá no Centro da cidade.
Depois passamos ao Festival, onde realizamos uma série de pautas e takes. Filmamos todo o lugar, as atrações, as pessoas e partimos também para entrevistas com os organizadores, músicos e o público. Também filmamos uma música inteira de cada banda. A idéia era produzir clipes a partir dos takes, mas acabamos por escolher três bandas e colocamos no filme uma música de cada. Tentei ser eclético ao máximo, com uma banda indie (Madeixas), uma de heavy metal, estilo muito característico em festivais como este (Rhasalom) e uma banda com um pouco mais de história (Vlad V). Muitas outras boas ficaram de fora da edição final.
Equipe: Wanderson, Alyson e eu lá na minha ex-casa em Rio do Sul
Bom, a edição final foi um pouco complicada, mas pioneira na Univali. Foi o primeiro editado e finalizado em edição não linear, o que exigiu muito do editor Rodrigo Weichermann (hoje morando na Alemanha e editor da Deutch Welle). Tinha um outro problema, que poucos documentários foram apresentados em mais de 10 anos de história na Univali. Geralmente os colegas optam por grandes reportagens, mas eu não, adotei uma linguagem mais para documentário, não mostrando a figura do entrevistador nas entrevistas e com narração. Cheguei a um acordo com a universidade e produzi um filme com 29 minutos. Praticamente dobrei essa proposta, indo de 12 minutos para 29, então mesmo assim, achei que fiquei no lucro.
Editado em 2002, meses depois da filmagem, achei que o resultado final ficou muito satisfatório. Hoje vendo e revendo o vídeo, acho que falta muita coisa nele e também, por ser ainda um novato nessa área de vídeo, achei que poderia ter uma linguagem um pouco melhor. Mas o filme Tschumistock – A Casa do Rock And Roll, se tornou um grato sucesso e até hoje é lembrado na Univali. Na banca examinadora ele obteve nota máxima e foi julgado pela professora orientadora e pelos jornalistas Diógenes Fischer (vocalista dos Pistoleiros/Superbug) e Léo Castro (professor da Univali).
Depois de algumas exibições entre 2002 e 2003 o documentário caiu no meu próprio esquecimento. Não consegui levar o projeto adiante. A nota triste aconteceu em setembro de 2003, quando um larápio filha da puta entrou no meu carro e levou uma bolsa minha que estava no porta-malas com o original do filme em DVCam. Me sobraram algumas fitas dele em Super VHS e VHS. Naquele setembro de 2003, transformar uma fita em DVD não era uma tarefa nada fácil, burro fui eu, mas não adianta não, pelo menos sei que ajudei um pouco na cultura de um desgraçado.
Depois de tanta história, chegou a vez de agradecer hoje, o convite do pessoal da Insecta Procuções e os curadores do Cinema Noise, Gurcius e Daniel Villa Verde, pela oportunidade de mostrar o documentário para o público que participa do festival e que gosta de rock. Para mim será um momento de que finalmente encontrei o público ideal para ele. Foi minha tentativa de homenagear o festival que gosto tanto e que em 2005 tive a honra de estar lá como um músico, com a banda The Colors, onde fizemos uma linda apresentação. O Tschumistock representa muito para mim. É algo que vi nascendo, crescendo, que ajudei a fazer, documentei grande parte da história do festival com fotos. Ganhei até um apelido dos rockers. Me chamavam de Jorge Tadeu, já que eu ia para o Tschumi com um copo de cerveja numa mão e uma máquina fotográfica na outra.
Espero que todos gostem da exibição que acontecerá hoje no CIC.
ATENÇÃO: EM BREVE O DOCUMENTÁRIO ESTARÁ NO YOUTUBE
(Quinta Feira, 02 de outubro) Cinema Noise
20:30 – Tschumistock: A Casa do Rock (Rafael Weiss, 2002, 29′)
IMPORTANTE: Vamos passar um filme colado no outro, por isso os horários podem variar um pouco. São 5 horas de filme+música por dia, entre e saia da sala a qualquer hora! Quando: do dia 28 de setembro até 02 de outubro Onde: MIS-SC (CIC) Av. Governador Irineu Bornhausen, 5600
“Entrada Franca”