Em tempos de reflexões sobre o aquecimento global, intitular o disco de “Teatro que celebra a extinção do Inverno” pode não soar politicamente correto. Mas, a carreira nada linear da banda Stuart se estreita em curvas que nem sempre reflexões sóbrias perambulam na mente dos quatro blumenauenses residentes na capital paulista. A última frase do disco é concisa: “minha casa derreteu”. Calor à parte, já não são geradores de luzes em palcos que aquecem o lirismo expresso nas frases que dão formas poéticas às canções. A banda tem feito poucos shows, preferiu a timidez na divulgação do disco e escolheu priorizar a internet pra difundi-lo.
Ruas, solidões coletivas, um cara que já fez tudo na vida mas optou por nunca fotografar o por-do-sol, uma carta de despejo, uma foto desfocada, a escolha por não mais acordar cedo e pessoas no alto da montanha admirando a chegada do fim dos dias, são pratos atualizados no novo cardápio, virando a página das bebedeiras e amores desperdiçados do primeiro disco, de 2006. Os arranjos e a produção pendendo cada vez mais ao experimentalismo sugam extremidades divergentes de influências gerando uma dificuldade de encaixá-los em um estilo. Talvez um próprio, que arrisca gerar sugestões apontando desde o pós-punk com pegada anos 90 a um folk sujado por um fuzz sessentista e guitarras desconectas ao violão, cada vez mais presente nas músicas.
Stuart hoje é um personagem representado por um coletivo. Gustavo Moura (voz, violão e guitarras), Rafael Marcos (bateria), Cristiano Carlos (guitarra e teclado) e Dani Hasse (baixo) interpretam alguém que acredita nas canções como forma de espantar demônios internos, presentes numa vida que beira os trinta anos. Sem cair no óbvio, se vê cada vez mais distante de um mercado atual mas persiste em ambientar um inferno próprio pra residir em paz – se é que há paz em infernos próprios – Stuart afirma que sim, mas canta: “todos os desertos que povoam sua mente evitaram falar alto.” Esse disco afirma o desleixo da banda para o que a música comercial apresenta como tendência hoje – Eles não estão nem aí pra isso.
A forma física do segundo álbum chega as ruas dia 6 de setembro, mesmo dia de seu lançamento oficial na terra natal do quarteto. O CD lançado pelo selo Katrina Records com parceria da Barba Ruiva produções de Blumenau e a Capivara 69 de Caxias do Sul trás as mesmas 10 canções previamente deleitadas por vias digitais. Pouco mais de um mês atrás, já era possível baixar na internet o mesmo material. O cd vem pra consolidar o produto e registrar em formato palpável essa fase criativa, confusa, firmada em boas canções e já refletida em ótimos elogios a respeito pelo país afora.
Serviço:
Lançamento do disco “Teatro que celebra a extinção do inferno” (Katrina Records, 2008)
da banda STUART
Shows com STUART, MADEIXAS e PARACHAMAS
Onde: Observatório Bar
Quando: Dia 06 de setembro, sábado. A partir das 22h
Quanto: R$10 (BARECO (Rua Joinville, PALLADIUM – Shopping Neumarkt)